A CORAGEM E O PODER DA AMIZADE

Atitudes de coragem e demonstrações de amizade são raras no mundo em que vivemos. Na maioria das vezes, nos preocupamos apenas em salvar nossas peles ou conservar nossas regalias a qualquer custo.

Muitos daqueles que se levantaram contra um sistema opressor, tirano e cruel, pagaram com suas próprias vidas e entraram para a história de uma forma positiva e heroica.

Vemos, diariamente, em nossa volta gente que, para ter uma gratificação de encarregado, um cargo de chefia ou uma posição de destaque dentro da sociedade é capaz de vender a própria alma. Para se ter mais lucro, agradar aos seus superiores ou mostrar serviço não se importam em sobrecarregar-se e humilhar seus circunstantes. Levados pelo desejo de soberania e poder se endividam perante as Leis Divinas.

Os donos de algumas empresas, salvo exceções, estão preocupados em se enriquecer para ostentar luxo e vaidade, esquecendo-se de que tudo isso passará e de que tudo será restituído a quem for de direito.

A relação entre líderes e liderados, família, entre nós, de uma forma geral, deve ser, antes de tudo, de amizade, confiança, profissionalismo e respeito de limites. Não podemos, em hipótese alguma, exigir do outro algo que ele não possa ainda nos dar. Precisamos entender que lidamos com seres humanos e não com máquinas. Trabalhamos com pessoas que têm sentimentos e problemas.

Se soubermos avaliar as pessoas, perceberemos que através do diálogo, da análise, do incentivo e da liberdade poderemos formar excelentes profissionais, cidadãos e amigos.

Todas as coisas que surgem em nossas vidas são empréstimos do Pai e testes para ver como nos saímos, e teremos que prestar conta de tudo aquilo que fizemos.

Sócrates, filósofo grego, disse: “Chamo de preguiçoso o homem que podia estar mais bem empregado.”

Talvez, quando cobramos algo de alguém, em vez de receber uma cobrança o que esse alguém necessita é de um abraço, uma transferência, um olhar de compreensão, um sorriso ou então uma pergunta do tipo “você está passando por algum problema?” “em que posso lhe ajudar?”, “como estão as coisas?”, “como está sua família?”, “o que você acha que poderia mudar em seu setor de serviço ou instituto de ensino?” “como poderemos melhorar nosso relacionamento?” ou “ vá para casa descansar!”

Através dessa aproximação, vamos mostrando aos conviventes que nos importamos com o bem-estar de todos e não queremos saber apenas de produtividade e vantagens. E quando estabelecemos esta relação de aproximação e intimidade, os laços de amizade se fortalecem e, trocando confidências, expressando sentimentos, dividindo alegrias e preocupações, vamos nos tornando irmãos afetivos.

E quando somos liderados (e todos somos de alguma forma), devemos nos esforçar não para agradar quem quer que seja, mas sim para desempenharmos bem nossa função, procurando entender que aqueles que são responsáveis por determinado setor, também têm suas frustrações e cada um de nós pode ajudar a facilitar as coisas para eles em vez de dificultar. Se acaso não concordarmos com determinadas regras e atitudes vamos explicar, nos justificar, apresentar nossos argumentos, deixando bem claro qual o nosso ponto de vista e se for o caso, não aderirmos a ele.

Dentro de um local de trabalho precisa de se ter compreensão e responsabilidade. Observamos que muitas pessoas, por trabalharem no Setor Público, acham que podem fazer o que bem quiserem. Outros, por se acharem protegidos por alguém, pensam assim, também. Cada um tem seu compromisso, e independentemente de sua evidência deve fazer esse trabalho com o maior profissionalismo possível. Se quisermos um salário melhor, uma vida mais abastada, vamos em busca disso, porém, enquanto estivermos em determinada função, façamo-la bem, entendendo que minha negligência e falta de seriedade interfere na qualidade do trabalho executado pela instituição que defendo.

Tenho observado, principalmente na época em que escrevo este livro, 2009, a questão da Crise Econômica Mundial, a tal da contenção de despesas que não precisaria existir se houvesse solidariedade. Algumas empresas não estão preocupadas em conter despesas, mas sim em deixar de lucrar. E se alguém tem que sofrer as consequências que sofra o funcionário. A empresa não pode perder algum dinheiro, mas não tem problema o funcionário perder seu trabalho. E aí surge o desemprego, a violência atinge proporções cada vez maiores, o homem liga a TV, o rádio ou abre o jornal e vê que milhões e milhões são desviados ou jogados fora constantemente.

Abuso de poder público é praticado. Desperdício de dinheiro é evidenciado.

A população se revolta, formam-se quadrilhas, bandos e traficantes, que vão fazer e praticar atos ilícitos, uma vez que quem deveria dar exemplo de hombridade não o faz. Observe bem nossa responsabilidade no mundo.

É difícil aceitar certas atitudes e revoltas que ocorrem em nosso meio, mas os que cometem tais atos agem insubordinadamente porque vêem diariamente o descaso, o egoísmo, a ganância, as enganações e a impunidade prevalecerem. Por isso, não podemos acoimar. Podemos observar, concluir, mas sem condenar, porque todos merecem uma nova oportunidade, sem regalias.

Às vezes, nos achamos civilizados, pacíficos, mas será que se víssemos nossos filhos, pais, irmãos ou alguém de quem gostamos muito morrendo de fome por não ter o que comer, sendo injustiçado, chorando ou morrendo por falta de atendimento na fila de um hospital continuaríamos a ser civilizados? Ou será que vamos esbravejar, gritar, chorar e entrar em desespero, como muitos fazem?

Quando se trata de dor, a nossa é sempre mais forte que a do outro, não é mesmo? E talvez seja somente quando ela vem nos visitar que entendemos a dor alheia. Enquanto eu estiver bem, tudo também estará, mas quando o sofrimento bate em minha porta quero saber o porquê e quero descontar a minha raiva em alguém por não saber aceitar as intempéries do caminho.

E a dor vem para todos, sem exceção. Potentados, humildes, ricos, pobres, todos nós choramos, gostamos de nossos familiares, nossos bichos, nossos amigos; sentimos falta de carinho e atenção. E quando sentimo-nos lesados em algum âmbito despejamos nos outros nossos malogros, e de vez em quando o fazemos com as pessoas que nos são próximas. Sabe por quê? Porque acreditamos que irão nos entender. São nesses momentos que teremos que reunir todas as nossas forças e fazermos de tudo para identificar e medicar as dores do mundo que nós ou alguém, em alguma época, causou. Por esse motivo, nossa visão deve ser voltada para o amanhã, para as recompensas e penas futuras, na certeza da organização das coisas e no cumprimento da Justiça Divina. Agir violentamente não nos fará sentir melhores. É preciso agir com serenidade, entendendo que nada escapa dos desígnios do Pai...

Pensar nas dificuldades alheias é algo que devemos fazer.

Frear nossa fala e fazer colocações sensatas é prudência benéfica a acalentar corações.

Assumir nossos erros, pedir desculpas, reconhecer que falhamos, são atitudes convenientes de nossa parte e é o primeiro passo para a transmutação. O segundo é nos esforçarmos para não repetirmos nossas falhas. O terceiro e último passo é a automatização em seguir a Lei de Amor. Agindo assim, teremos aprendido a amar, e seguiremos com passos firmes rumo ao infinito servir, guiando, outrossim, os passos cambaleantes de nossos quinhoeiros.

“Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta que conduz à perdição.” Mateus, 7: 13.

Quando cumprirmos nosso dever, sacrificando-nos para salvar vidas e eliminar a miséria moral e material que nos circunda, seremos reconhecidos e recompensados por nossos atos, pois a cada um de nós será dado de acordo com nosso merecimento e de acordo com o que tivermos feito. A cada um será dado conforme suas obras.

Qual é o tipo de recompensa que você quer ter?

Tomemos cuidado com as portas largas que o mundo abre para nós. Podem parecer prazerosas a princípio, mas fustigarão a consciência.

A porta estreita vai exigir de nós renúncia, piedade, resignação e fé; é a que vai nos levar para junto dos amigos espirituais elevados, nos quais podemos confiar em absoluto, pois têm a pureza como essência, e suas atitudes são em conformidade com a vontade do Criador. Por isso, cultivar amigos é sabedoria da alma que reconhece a relevância da vida.

Sejamos amigos.

Façamos amigos.

Tenhamos amigos.

Amizade... Esse é um dos sentimentos que compõe e que mais se aproxima do amor.