Flor de Lótus
Para muitos o símbolo natural da superação não pode ser outro a não ser a figura mitológica da Fênix, imponente ressurgindo das cinzas, obviamente que no intuito de diferenciar-me, não que tenha a pretensão de fazerme maior, mas minha alma identifica-se com outro significante, tal seja a flor do lótus, pequenina e frágil, porém nascida no ambiente mais inesperado e desproporcional a sua beleza. Alcança-me sua súplica requerendo mais que a simples força do ressurgir da destruição e da morte, mas a persistência da continuação do belo no inóspito, no hostil. Semelhante súplica faz o sândalo, porém ainda mais virtuoso, supera a beleza e chega às vias extremas da doação e do sacrifício, perfumando o machado que o fere.
De forma análoga às forças simbólicas ilustradas acima, faço ver nossos comportamentos cotidianos, cobrando-nos e exigindo-nos dia a dia, mais e mais força, suavidade e virtude, ondeevidente as forças da luz fazem se tal qual o próprio amor, suaves e incessantes. Ademais carece-nos olhos para ver, ouvidos para ouvir e portas para se abrirem os sentidos, pois carecemos sentir, esses significantes, demasiadamente belos extraordinariamente singelos, tanto que a aponto do imperceptível.
E por não termos esses olhos de ver, nem esses ouvidos de ouvir, nem fazemonos portais a se abrirem, por não sermos capazes de sentir, tornamonos frios e apáticos, cegos que somos aos sinais demasiado presentes em cada pequeno âmbito de nossas vidas. E a vida em contrapartida nos exemplifica minuto a minuto os efeitos de nossos atos. Nos presenteia a experiência dos amigos, dos amores, das dores. Faznos ver ainda que cegos que tudo evolui, mesmo que não queiramos, que não acreditemos, e quando nos damos conta nós mesmos já somos outros e nem percebemos.