O LIXO DA REDE VEM DA REDE DA MENTE - ROBERTA LESSA (*)

A respeito de um vídeo de uma criança, postado em rede social ,reforçando a "inutilidade da escola". não reproduzirei o mesmo para não ser conivente com a propagação de imundícies na internet. Tentarei pouco escrever, mas certamente esse é a sina que não me abarca. Diante desse vídeo nada posso calar daquilo que quer se expressar daqui de dentro para fora:

Tão pequenino e reprodutor de tamanho machismo exacerbado.

Tão pequenino a espelhar infundados exemplos herdados.

Tão pequenino e já minimizado ao nada, naquilo que seria educação.

Tão pequenino e tão grande seu futuro de vazios e manipulações.

Mas não é só ele, pequenino, que segue essa tabuada ditada E que minimiza ainda mais seus poucos saberes, transmitindo valores já tão fragmentados de conteúdos e que certamente será herança às suas futuras gerações.

Enquanto, nos bastidores de nossa paliativa consciência rimos, e muito, de nossa própria condição e gana em aparecer na rede mundial fazendo "gracinha" de criança, criança literalmente mau criada.

E ainda mais grave, tecendo apologia contrária à educação que deveria ser parte da estrutura que deveria construir, constituir e gerar cidadãos conscientes e esclarecidos.

Haja investimentos e vontade de desconstruir essa estrutura tão cristalizada e de inebriante vazios.

Nos dias de hoje já extrapolamos o além dos limites da absorção total de absurdos culturais existentes, somos vítimas e vilões de nossas construções e saúde sociais.

Hoje em dia já estamos entrando na quarta geração desses pequeninos "vitimizados" pela atual ditadura cordial e socialmente aceitável que ocupa as vezes daquela de tempos imemoriais e tempestuosos, os ditadores, como nós sabem do verdadeiro poder da comunicação midiática, imediata e banalizadora.

Nossas crianças não mais querem os saberes salutares, pois nem deles mais o sabem ou acessam, tornaram-se produtos de anos e anos de marteladas culturais, de geração e geração de um árduo, eficaz e contundente trabalho periférico de introjeção de valores que não são os meus e de muita gente.

"- (...) Robertinha, é de pequeno que se torce o pepino (...)"

Já dizia minha avó Estephania, quando me ensinava pequenina a cuidar da grande horta que tínhamos em nossas terras.

Ah, tenho pena daqueles que sequer sabem o poder do saber, o valor da família, o calor verdadeiro da amizade, a força do encantamento literário, a descoberta do diálogo na sombra do ipê (que fora arrancado antes mesmo do nascer do sol da vida) ...

Imploro nestes tão meus, rudes e superficiais palavrórios que foram se juntando compulsivamente diante da imagem criança que não isolada de um contexto, faz parte de uma massa cerebral que talvez, se não tomar as rédeas de suas vidas continuarão a se reproduzirem e minimizarem o padrão cultural do indivíduo e do coletivo.

(*) - Sobre um vídeo que vi onde um adolescente reforça conceitos que propagam a ideia da inutilidade da escola diante dos valores que o universo da marginalidade da ignorância e da bandidagem oferece.

Roberta Lessa
Enviado por Roberta Lessa em 25/12/2014
Reeditado em 25/12/2014
Código do texto: T5080447
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