No meio do Inferno há uma flor

Nos últimos dias venho sendo bombardeado de notícia negativa. Crises no social, na arte, na cultura, na política, na educação, na religião... Como diz a pensadora contemporânea, 'é só tiro, porrada e bomba'.

Em plena segunda-feira, as 7h da manhã, tenho exemplos de que nem tudo está perdido. O ônibus estava estranhamente vazio, então sentei-me atrás do motorista.

Observei que ele dava passagem desde o motoboy até o rapaz que queria atravessar fora da faixa. Bateram na lateral traseira do ônibus e ele manteve-se calmo e com um sorriso no rosto. Resolveu tudo muito simples, sem estresse.

A caminho do curso, uma van escolar vem sentido contrário na avenida parando ao lado do ônibus. Um garoto que parecia ter 'down' sorri, acena e manda beijo pra moça a minha frente. Ela retribui o sorriso e acena também. Dentro da van, a monitora sorri com a cena e eu também.

Dentro do curso, eu fechado em mim mesmo, ganho dois abraços. Estranho pois de praxe aperta-se as mãos e se cumprimentam. Além disso, minha ideia foi usada na aula como 'aquecimento'. Este foi um dia totalmente anormal.

Algo insiste em me dizer que há motivos para se ter esperança nas pessoas. Que nem tudo é fútil, nem tudo é aparência, nem tudo é superficial, tudo pode ser solucionado com coisas simples. Basta querermos enxergar o que está a nossa volta. E ter vontade de cultivar essa flor...