Homilia na abertura do ano jubiliar da Diocese - Rubiataba, 11.10.2015

Amados irmãos e irmãs,

Diletos radiouvintes e telespectadores,

Deus seja louvado!

01.Com esta solene celebração abrimos as comemorações do nosso ano de preparação ao jubileu áureo do cinquentenário da Prelazia/Diocese de Rubiataba e Mozarlândia. Uma caminhada de amor, desafio e missão. Louvamos a Deus por todos que generosamente deram suas vidas a serviço da evangelização nesta vasta região.

02.Nossa Igreja Diocesana é fruto do Concílio Vaticano II. O efusivo entusiasmo fomentado pelas conclusões do Concílio favoreceram a criação de várias Circunscrições Eclesiásticas no Centro Oeste no final da década de 1960. Concomitantemente à Diocese de Rubiataba foram criadas, na mesma data, as Diocese de Anápolis, Ipameri e Itumbiara.

03.Nesta Divina Liturgia Eucarística queremos louvar a Deus pela nossa Igreja particular. Na força da Sagrada Escritura, sob o impulso do Espírito Santo, alimentados pela Eucaristia, presença real do Ressuscitado entre nós, queremos continuar nosso caminho de fé como Igreja ACOLHEDORA, SERVIDORA, ADORADORA e MISSIONÁRIA.

04.O encontro do homem rico com Jesus no Evangelho de hoje faz parte de uma série de relatos dos grandes encontros de Jesus com diversas pessoas. Este homem chega até Jesus de forma respeitosa e humilde e, de joelhos, o interroga sobre o que é necessário para alcançar a vida eterna. Trata-se de um judeu piedoso, observante da lei. É uma pessoa sincera que angariou a simpatia de Jesus que o acolhe e convidou a integrar-se a comunidade dos que seguem o caminho da entrega total à comunidade do Reino. Impressiona-nos a atitude do homem que se expressa com uma “silenciosa tristeza” após o convite de Jesus para segui-lo, pois era possuidor de muitos bens. O coração daquele homem rico estava empobrecido pelo apego e o atrelamento de sua vida às coisas passageiras. O homem não segue o caminho com Jesus, mas retorna pelo seu próprio caminho, apegado aos bens transitórios e sem esperança.

05.Faltou-lhe a sabedoria estampada na primeira leitura desta liturgia que nos convida a ancorar nossas vidas na realeza e no esplendor do Criador e não nas realidades por Ele criadas. Ser sábio, segundo nossa fé, e ser capaz de submeter nosso querer ao querer de Deus que nos oferece a vida eterna no seu imenso amor demonstrado por nós ao longo da história da revelação que culminou na entrega total de Deus por nós em Cristo Jesus, casto, pobre e obediente.

06.A iluminação que todos nós precisamos da parte de Deus para nossa escolha e vivência do caminho certo é a Palavra de Deus, a Sagrada Escritura. A Palavra de Deus é viva e eficaz, não é um conjunto de textos vazios, sem sentido para o hoje de nossa história. A Palavra de Deus nos alimenta e nos coloca profeticamente em confronto com a palavra do mundo que a todo custo nos quer tirar do caminho de Deus para nos inserir no caminho do pecado, da infidelidade, da mentira, da corrupção.

07.A situação delicada que nossa Pátria vive atualmente é fruto da desobediência a Deus e do apego ao poder, às riquezas, aos prazeres. Vivemos um momento de culto a pessoas, a ideologias e ao vazio. Abandonamos o caminho de Deus para construir nossos caminhos que nos levarão ao encontro do nosso nada. Abraçamos a transitoriedade e abandonamos a eternidade, idolatramos o natural e renegamos o sobrenatural. O pecado está em todas as esquinas de nossas cidades. As instituições foram inoculadas pelo veneno da corrupção, da malandragem, da mentira e do narcisismo hedonista. A miséria do mundo entrou também no coração de tantas pessoas da Igreja: sacerdotes, religiosos e leigos. Quantos escândalos! É urgente a nossa volta a Deus através da oração, da penitência, da confissão dos pecados, do jejum, da caridade e da adoração a Nosso Senhor. Sem Deus a vida não rompe no seu fluir de paz e de sentido. É urgente a necessidade da conversão de todos nós e da nossa submissão à Misericórdia Divina. Existimos para fazer a vontade de Deus e não a nossa. A simplicidade, a humildade, a conversão devem nos acompanhar sempre. O Santo Padre, o Papa Francisco, tem nos advertido inúmeras vezes sobre estes aspectos, os únicos capazes de nos levar à vida eterna. A missão da Igreja é apontar o caminho da eternidade a todos nós.

08.A Igreja existe por vontade divina e não humana. Nossa Diocese é a expressão vital da Igreja de Cristo, pois está unida à única Igreja, Católica, Apostólica e Universal, que professa uma só fé na Santíssima Trindade, crê na ressurreição e na vida eterna. Nosso ano jubilar quer ser um tempo forte para recordar a todos nós nossos deveres e obrigações como batizados.

09 Queremos ser uma Igreja da Palavra: ouvir, viver e anunciar Cristo, somente Ele é capaz de preencher de sentido nossas vidas e de nossos irmãos. Queremos ser uma Igreja que vive da Eucaristia: enquanto tantos são contaminados por uma mentalidade desacralizante da Igreja e já não ajoelham na hora da consagração eucarística, queremos dobrar nossos joelhos diante do Senhor que se faz presente nas espécies do pão e do vinho consagradas, presença real, transubstanciada, fortaleza para nossas almas e para a vitalidade de nossa Igreja Diocesana. A inércia e a infecundidade de uma igreja começa na renegação da presença real de Cristo na celebração do Santo Sacrifício do altar, na adoração ao mesmo Cristo na missa e fora dela. A liturgia da Igreja é um patrimônio de Cristo e não nosso, por isso não avança na santidade e no caminho do céu quem deseja tomar a liturgia sua, ao seu modo, fazendo dela os seus gostos pessoais. A vida litúrgica é a força vital de uma Igreja que deseja ser acolhedora, servidora, adoradora e missionária. Queremos ser uma Igreja da Caridade: os sofredores, os pequenos, os esquecidos nas diversas periferias de nossa Diocese sempre mereceram e continuam a merecerem a atenção desta Igreja Particular. Nossa opção por eles é evangélica, amorosa e não ideológica. A caridade cristã é AGAPE, e não se assemelha às opções de sistemas que querem fazer do povo uma massa de manobra e ditar suas regras que implica na destruição da fé, da instituição familiar e dos valores a ela agregados. O maior pobre de nossos tempos é o próprio Cristo. Sem ele não há caridade. Tudo deve acontecer a partir do encontro com Ele e da acolhida d´Ele no íntimo de nós. A opção por Cristo nos levará sempre a opção pelos irmãos, especialmente os indefessos e esquecidos. A caridade sem a fé em Cristo não passa de filantropia.

10.Nesta Divina celebração quero pedir ao Bom Deus que vele, sobre esta Vinha e fortaleça nossa Comunidade Diocesana na prática da unidade e no testemunho fecundo da comunhão entre os pastores, consagrados e consagradas, pastorais, comunidades, movimentos e os esforços em favor do bem comum, da promoção da pessoa humana e do progresso espiritual de todo o povo de Deus nesta porção a nós confiada.

11.Que seja por Deus iluminado o serviço humilde de nossa Igreja Diocesana. Seja Aumentado em cada batizado, o vigor missionário e o compromisso em favor dos menos favorecidos, das crianças, dos jovens e adolescentes, das famílias, “santuários da vida”, dos idosos e doentes, dos acampados e assentados, das comunidades indígenas e de todos os que sofrem.

12.Que o Pai das eternas misericórdias conceda-nos a graça de vivenciarmos mais efusivamente a profundidade do Mistério Eucarístico e dos demais sacramentos, síntese do amor que se entrega e que nos fortalece na caminhada para a Jerusalém celeste.

13.Como o Bom Deus sempre cuidou de nossa Diocese, contaremos sempre com o olhar d´Ele, em favor das necessidades espirituais, pastorais e materiais de nossa Igreja. Que abundantes bênçãos continuem a cair sobre as famílias, sobre os jovens, sobre os vocacionados e vocacionadas à vida consagrada e sacerdotal. Que a força santificadora do alto seja concedida efusivamente aos nossos seminaristas para que perseverem na resposta generosa e oferente ao santo chamado de Deus. Pedimos a santificação de nossos leigos e leigas que atuam nas diversas pastorais, movimentos e serviços de evangelização.

14.Nossa gratidão a Deus pela vida de nosso primeiro Bispo, Dom Juvenal Roriz, já na glória do pai e de tantos religiosos, religiosas e sacerdotes que igualmente deram a vida nesta Igreja Diocesana. Recordamos com alegria a dedicação de nosso Bispo Emérito, Dom José Carlos de Oliveira, que tanto bem fez a esta Igreja juntamente com tantos missionários redentoristas que ofertaram suas vidas na evangelização de nosso povo. Obrigado aos padres redentoristas que foram os desbravadores iniciais desta grei. Igualmente agradecemos ao Senhor da Messe pelos religiosos, religiosas e sacerdotes que semearam a bondade do Divino Mestre em tempos passados e difíceis de nossa Prelazia, agora Diocese de Rubiataba, na evangelização, na catequese, na educação e nos serviços de assistência social quando a presença do Estado era tão pálida. Dom Juvenal alavancou o trabalho da assistência social, da saúde e da educação em todos os municípios da então Prelazia através de diversas congregações religiosas que aqui serviram os pobres. Fazemos memórias dos pioneiros e pioneiras, famílias, homens e mulheres que ajudaram na estruturação de nossa igreja, sem eles os bispos e os sacerdotes não teriam feito o que fizeram.

15.Por fim o nosso agradecimento ao clero diocesano, às religiosas e consagrados, aos missionários e missionárias leigos das novas comunidades, aos leigos e leigas que coordenam os diversos serviços e que nos ajudam com seu protagonismo batismal a fazer desta Igreja uma expressão viva do Concílio Vaticano II. Que a Santíssima Virgem Maria, a Senhora da Glória, nossa Excelsa Padroeira, interceda por nós e nos ensine a fazer o que o vosso Filho nos disser e sob o seu manto de sol, sejamos, por ela conduzidos, rumo ao céu. Amém.

Adair José Guimarães
Enviado por Adair José Guimarães em 26/10/2015
Código do texto: T5428075
Classificação de conteúdo: seguro