Ecos do desabafo

Das coisas mais difíceis da vida, de tudo o que vivemos, acredito que o mais implicante é falar sem ser retaliado de alguma forma, talvez até desmerecido por ter opinião, opinião do porque as coisas são como são, do porque as pessoas são do jeito que são, achando que a mudança é problema de um departamento ou de um determinado cargo, e nunca da pessoa em si, que quem precisa mudar olha sempre pra quem acha que deve mudar, triste ser, que não olha a própria caveira, digo isto no país da democracia ditatorial, sócio individualista, julgadores dos outros, nunca de si mesmos, país onde certas palavras só servem em metáforas para não ser prejudicado pessoal e profissionalmente, no país das maravilhas onde um semi-analfabeto é contratado para o maior cargo do escalão político, mas um gari precisa ter um certificado de ensino médio para correr como louco atrás de um caminhão e limpar a sujeira que promovemos, como nos falta um espelho.

No país das maravilhas onde quem tem diploma só é bem vindo se souber puxar a descarga, se não souber puxar a descarga não adianta diploma algum, como se o ser humano não tivesse a capacidade do aprendizado, independente da idade, no país das maravilhas, onde se fala tanto de experiência, mas não se dá a oportunidade de adquiri-la, onde o experiente não serve porque é velho, e o novo porque não tem experiência, onde o médico que não atendeu nenhum paciente ainda não é médico, nem o advogado que protocolou sua primeira defesa ainda não é advogado.

No país das maravilhas, onde quem julga denomina-se senhor de si, olhando em sua volta, julga a todos como incapazes, mas não se pergunta da própria capacidade, onde o menor tem a oportunidade do crime, mas não do suor do próprio trabalho, onde os mais velhos não tem a oportunidade do suor do trabalho, mas são necessários pelo conhecimento que possuem, onde milhões de famintos ouvem todos os dias o que todos os dias não gostariam de ouvir, cheguei a uma conclusão de que a única coisa de que somos inteiramente capacitados é para morte, e para ela, contratantes e contratados não farão diferença, pois ela não exige experiência nem curso superior, não exige conhecimento específico, com ela aprendemos que somos capazes de qualquer coisa, basta a oportunidade.

Triste realidade no país das maravilhas, onde um julga se milhares são capazes, mas não olha para a própria caveira, não julga se o próprio reflexo tem capacidade para refletir a própria imagem mortal, metáforas do cotidiano, julgamentos existirão sempre, como sempre existiram, humildade é pedra rara no coração de pessoas raras, que a capacidade do insensato é não enxergar através das palavras resumidas de uma folha de papel, em uma entrevista mal feita, mal julgada e por fim talvez mal escolhida.

Por isso calo-me, no silêncio que vivo já sou recriminado, quem dera ao abrir o verbo ser ouvido, metáforas, onde as palavras são como bumerangue, lançamos a ideia e recebemos o troco em moedas sem valor, mesmo que esta roupa não sirva, vistá-a, pois uma hora, precisarás, e não importa sua posição, no fim, todos morreremos.

Vil Becker
Enviado por Vil Becker em 05/06/2016
Reeditado em 05/06/2016
Código do texto: T5657830
Classificação de conteúdo: seguro