Porque continua a ser golpe

A hermenêutica no julgo das acusações não poderia e não foi ligada à jurisprudência, mas sequestrada à bel política, perceptivelmente leviana e desassisada por valer-se de uma inversão gritante e que, parte do pressuposto de que o acusado deve provar sua inocência antes mesmo de substanciarem sua acusação, uma prática que também foi feita pelo Joaquim Barbosa em seus tratos para com o chamado caso do mensalão.

Outro erro foi o crime da cárcere por domínio do fato, quando uma presunção, somente presunção acomete um indivíduo por acreditar-se estar ele sabendo de esquemas de corrupção dentro de uma empresa onde praticaram-se atos ilícitos.

A cíclica rica do capital sempre leva o mundo da esquerda para a direita e durante todo o período após o feudalismo houve a ideia de não pertencimento nem a este e nem àquele, somente o centro, sem lado, grande ladainha. O capital faz ricos tirando dinheiro de alguém, mas tudo bem, todos podem ser ricos, portanto que trabalhe “duro” e a polícia não mate por ser preto ou aparente um perfil desditoso. Todos podem ser ricos ou bem sucedidos em dado momento da vida, em outros momento, tudo bem que passe fome. Eis a degenerescência e a petulância do Homem, a aceitação de que haja a condição adversa de vivacidade, de desfrute.

Como se não estivéssemos suficientemente separados por classes sociais, fronteiras de impérios que “representam seu povo”, os subsistemas como o morbo do sonho religioso trata de criar mais separações em níveis hierárquicos dentro dela e, de preferência, sobre as demais (concorrentes). Mas as igrejas nós não podemos chamar de comércio… na drogaria não se vende medicamentos, se “dispensa” medicamentos, porque dizem que vender é um ato desmedido que não se aplica a um fim de cura, ato ético farmacêutico. Desta mesma forma poderiam dizer os pastores ou os políticos com seus próprios produtos de cura do corpo social.

Por quê comecei a falar de política e de golpismo e cheguei à religião?

Olhe para a câmara, para o senado, para as legendas e os grupos que dominam o sistema jurídico brasileiro (sim, o jurídico), o quanto o – falo - da religião penetrou as entranhas da cadavérica sociedade. Vemos disputa entre nós e a fazemos efervescer com todos os nossos impulsos catárticos porque parece-nos distante a possibilidade de alteração, então entramos naturalmente no clima. Estamos todos esperando um corajoso tomar a frente para barbarizar sequencialmente? Eu estou. Cadê o primeiro? Eu mesmo respondo: ele está ascendendo na política ou retornando dos céus.

É possível ler o aplauso ao capital todos os dias em jornais e revistas, na televisão assistimos, no rádio(...) na pregação que faz a manutenção das castas em sua forma de castração. Vejo subalternos presos ao sonho de crescer submisso à empresas e grupos, vejo sentimento de manada baixando jogos sem nunca ter se interessado por pokemons, só porque estão todos baixando. A realização do sonho nerd que dominaria o mundo, enfim!

O capitalismo é ótimo, é o melhor sistema pois faz evoluírem as “formas” e os “comos” mais rápido, incentivando a concorrência. Ontem um senhor citou o exemplo de que o pobre pode servir ao seu patrão e ir para casa preparar uma rápida comida no microondas, diferentemente de quando o capitalismo ainda não tinha inventado este eletrodoméstico e outros.

Inventamos propostas que também são a cara do capitalismo. O “escola sem partido” é uma transgressão por ser uma ferramenta que cede espaço para o debate acerca do outro lado. Perigoso. Devemos ensinar que no comunismo (pasme) não se produz, a produção é fruto do capitalismo. Logo, vendem-nos que seja uma contradição uma foto de Ernesto Guevara usando um relógio Rolex ou um comunista ter um Iphone. São “inocências” prontas e compartilhadas que os educandos têm de receber em suas salas de aula sem questionar. São muitos pedidos de direito com a somatória de não se aperceber dos direitos que certos (in)direitos constrangem e infringem.

A direita acusa os dois lados de esquerdistas e os opostos fazem o inverso. Se ninguém os quer para si, por que os empurram contra nós?

Lembro quando há algum tempo atrás um programa na televisão começou a chamar um narrador de futebol de chato e logo todos que antes batiam palma começaram a repetir os mesmos insultos, mas até então, todos só queriam assistir jogos com o referido. Recentemente o mesmo artifício passou a ser utilizado contra a PresidentA, o famoso "culpa da(...)", o rebanho, sempre muito queixoso de sua autonomia, da mesma forma passou a reproduzir.

O que eu quero dizer com isso?

A propaganda é genial para o boçal. A reprodução continuada tende a ser internalizada pelo praticante.