Costurando a Vida

Ah! Vamos dizer a verdade e ser sinceros ao menos uma vez: ninguém morre de amor, nem de paixão, tampouco de pé-na-bunda.

Nós, seres humanos temos uma vasta capacidade adaptativa, ou seja, a gente se acostuma a tudo nesta vida, e vamos combinar que não há mal que dure para sempre.

Que tal admitir o amor escondido? Aceitar um fim? Ou ainda permitir-se aos recomeços?

Afinal, o que é a vida senão uma colcha de retalhos? Colcha esta que você nunca vai usar (pra se cobrir, ou forrar sua cama, me refiro). No sentido literal da palavra é sem utilidade, porém não se engane, cheia de finalidades.

Um dia essa colcha chega ao fim. Ah, a vida, ela e sua única certeza! E neste final você saberá mais do que julgou ser possível saber e estará feliz em ter VIVIDO (viver, não apenas existir) cada ponto e retalho dessa obra prima chamada vida.

Então porque não?! Porque não permitir e concentrar-se na sua função?! Costura-la.

Vamos lá, costure! À mão mesmo, tente saborear e se deliciar com as texturas dos tecidos, com a força e delicadeza da agulha unindo graciosamente, dois pedaços que nem deveriam estar separados. Sim, trabalhoso, todavia, ao final você terá uma colcha colorida, em tons de amizades feitas, amores vividos, sonhos e experiências compartilhadas.

Ou se preferir não costurar terá uma meia colcha, "inacabada" e um amontoado de retalhos soltos, em tons de branco, cinzas e beges, cores neutras de uma vida monótona, mecânica, cheia de medos, sem aventuras e sem emoções.

Você pode escolher entre se arriscar ou manter-se na zona de conforto.

É. É verdade que caso escolha a primeira e se arrisque, isso significará a possibilidade de rasgar sua colcha, mas haverão também chances reais de mais e mais retalhos em cores vibrantes, mas infelizmente se escolher deitar e ver a vida passar terá em cada linha, vazios e mais vazios entre situações e repetições de erros.

Então meu caro, se não está disposto a costurar, sinto lhe informar que jamais terá a emoção de sentir o significado da união entre dois retalhos.