DESPERTEM

Sinto muito, mas não pretendo ser um condutor de almas

Essa não é a minha intenção, nem mesmo minha vocação

Não quero ditar regras, nem conquistar quem quer que seja

Gostaria somente de ajudar o maior numero de pessoas, se isso me for possível

Ajudar aos bons e aos maus, aos que buscam auxílio e os que se comprazem no erro

Queria de alguma sorte, contribuir e ver estampado em cada rosto, a felicidade e a paz

Eu sou assim.

- Não!

Nós somos assim! É da natureza humana, somos solidários na essência

Mas continuamos a odiar e desprezar uns aos outros. Por que razão?

Por acaso o mundo não é suficientemente grande para amparar a todos?

A Terra, tão benfazeja, rica e bela não é suficiente?

O planeta supre nossas necessidades de liberdade e de beleza, porém concluímos que isso não basta

A competição fez nascer a inveja e esta acabou por nos transformar em seres odiosos, envenenados pela avareza, pelo descaso, pelo descuido

Destruímos as pontes da fraternidade e dos escombros construímos muralhas de indiferenças

Isolando-nos voluntariamente daquilo de mais sublime que havia em nós, o “Amai-vos uns aos outros”

A vaidade nos fez crer sermos o bastante

A inteligência nos tornou cruéis e sádicos

O progresso trouxe a preguiça e a devassidão

Diminuímos distancias e nos afastamos cada vez mais

Produzimos em abundancia e a fome se fortaleceu

As velocidades incríveis que criamos nos deram a letargia do corpo e da alma

Adquirimos conhecimento e nos arvoramos em deuses severos

Tanta ciência e tão pouco sentimento

Tanta comunicação e tão pouco entendimento

Tanta tecnologia e tão pouca doçura

Tanta política e tão pouca virtude

A violência virou vida e a vida dói de ser vivida

Mas aos que puderem me ouvir, gritarei bem alto

-O fim está próximo!

O fim da dor, das trevas, o fim desse mundo doente e degenerado

O fim dessa humanidade sem razão; sem coração

Renasce a ventura de todos nós

A amargura dará lugar ao sorriso, mãos que escandalizavam, amanhã serão mãos que auxiliam

As bocas tão acostumadas ao escarnio, às ironias, cantarão louvores de incentivo, de agradecimento

Enfim o ódio aprenderá a amar

A avareza perceberá que dividindo teremos mais

O poder não será solitário, mas solidário

Os castelos erguidos pela indiferença tornar-se-ão casas de acolhimento

E só uma guerra será permitida

A batalha de cada um de nós, vencendo dia a dia o inimigo mais perverso e difícil, nós mesmos

Um mundo bom nos aguarda, um mundo melhor; maior

Um lugar onde não haja fome, nem exilados nem estrangeiros nem grandes nem pequenos, mas seres humanos verdadeiros

Nem nações nem religiões nem castas nem raças, mas uma sociedade de pessoas comprometidas com o bem comum, vendo em cada rosto um amigo, um irmão

Filhos de um mesmo Pai; obras de um único Criador

Fronteiras serão derrubadas e o sol do amanhã dissipará as nuvens das prevenções

Esse lugar nos aguarda, sempre nos aguardou, é esse mesmo mundo que ao longo dos séculos nós pintamos com as cores tristes dos nossos erros

Então...

Sinto muito, não pretendo ser um condutor de almas,

Essa não é a minha intenção, nem mesmo minha vocação

Mas se posso ajudar, direi:

-Despertem!