Matamos Uns aos Outros

Enquanto o sol se põe bem atras de mim, interrompo o filme para assistir cenas da vida real. O turbilhão de idéias que brotam é intenso, e corro para o computador tentando organizar e registrar um pouco daquilo os sentidos conseguem guardar. O filme é Diamante de Sangue. Fala sobre guerras civis no continente africano, especificamente sobre a guerra pelo diamante. Mas faz refletir sobre a recente história do continente, de disputas e dominação pela posse de recursos naturais que proporcionam lucro. Talvez avistar este cenário nos faz condenar os países capitalistas, ricos, exploradores e mercenários. Mas tal análise superficial é superada ao percebermos que os também seres humanos que naquele continente vivem parecem se organizar segundo a mesma lógica, exploram uns aos outros, matam, corrompem e dominam. Quem é o responsável por tudo isso? Forças do mercado? o capitalismo selvagem? o FMI ou os Estados Unidos? Assumamos a culpa, que é da espécie humana numa era falida sobre o globo. Nós seres humanos que tantos nos orgulhamos das qualidades inerentes ao raciocínio, agimos esquecendo do coração que possuímos, e assim os homens matam uns aos outros. Lá na África? Sim, mas pior que matar o corpo é matar os corações e mentes, fato que estamos tão acostumados a presenciar que não causam mais espanto. No "bom dia" ignorado, na resposta mal dada, no "como vai" não dito, numa fechada de trânsito e mesmo naqueles atos sutilmente permeados de egoísmo e arrogância, matamos uns aos outros. E aos poucos. Damos vida à uma sub-vida, existimos apenas, e drenamos a vida alheia num movimento recíproco e ressonante. O problema não é da Africa, ou dos algozes capitalistas, ou do motorista sem educação, ou da elite alienada ou do servidor público preguiçoso. Quebremos este ciclo e assumamos a responsabilidade sobre tal situação, como seres humanos que somos, entendendo que o problemas "deles" é também problema nosso. Vejamos os seres humanos por trás dos uniformes, automóveis, balcões, telefones e monitores, e perceberemos que somos um só. Já é um bom começo.

16.09.2007

KukaRafa
Enviado por KukaRafa em 24/10/2007
Reeditado em 26/10/2007
Código do texto: T708112