Discurso de posse na Alenrio - Academia de Letras do Noroeste do Rio Grande do Sul

Discurso de Posse de Joana Marli Langner na Academia Noroeste de Letras

Excelentíssima Srª Presidente, da Academia Noroeste de Letras Tanize Tomasi, excelentíssimos colegas acadêmicos e demais presentes.

Em primeiro lugar quero dizer que estou muito feliz por estar aqui. Me sinto imensamente honrada e agradecida por ser escolhida para fazer parte desta nobre academia. Não consigo e nem quero evitar a emoção neste momento, quero mais é vive-la intensamente. E por falar em momentos, este que vivemos agora neste espaço-tempo, nunca mais se repetirá, como todos os momentos. Então temos que fazer valer a pena cada segundo de nossa existência. Vivemos tempos difíceis e incertos ultimamente, entre outros acontecimentos, uma pandemia assolou nosso planeta e perdemos muitos amigos, parentes, vizinhos.

Temos o privilégio de poder estar aqui hoje, somos sobreviventes esperançosos de que possamos construir um mundo novo talvez, a partir do que aprendemos durante dias tão sofridos. Um mundo em que se proteja a natureza, a vida como um todo e que se repense o consumismo que nos consome.

Meu primeiro contato com as letras foi antes dos cinco anos de idade, quando acompanhava meus primos a escola. A professorinha era jovem, bonita e paciente, me deixava ficar. Tive contato com cadernos e livros. E era muito bom.

Tempos depois já alfabetizada descobri que poderia retirar livros na Biblioteca Municipal, sem pagar nada, e poderia ler e devolver e retirar outro. Poderia ler quantos livros quisesse e então me tornei uma leitora voraz, lia tudo o que encontrava pela frente. Foi como encontrar um precioso tesouro, repleto não de ouro, mas de conhecimentos. Tempos depois ainda jovem, percebi que também poderia escrever. Escrevia nas folhas que sobravam nos velhos cadernos, poesia, pequenas histórias e uma espécie de diário, onde contava nas folhas amareladas segredos e sonhos. A vida foi se complicando, a sobrevivência veio em primeiro lugar e o sonho de ser escritora teve que dar espaço ao trabalho e a luta diária pelo pão de cada dia. Por muito tempo não pensei mais nisso e perdi quase tudo que tinha escrito. As dificuldades e pedras no caminho eram muitas e meus amigos, as pedras que nos atiram nem sempre servem para construir castelos, as vezes só servem mesmo para ferir. Mas a vida é dinâmica e repleta de surpresas e eis que um belo dia recebo um email me convidando para participar da plataforma Recanto das letras. Chorei de emoção e quase imediatamente comecei a publicar virtualmente com o pseudônimo de Anamar Quintana. Então finalmente com a vida um pouco mais estável, poderia dedicar um tempinho para escrever as coisas que a tanto tempo guardava em meu coração. Foi quando percebi o quanto tinha amadurecido e que ao invés dos primeiros escritos pesados e cheios de revolta e amargura, eu conseguia falar de amor, de flores, passarinhos e crianças com doçura sem perder o olhar crítico sobre a realidade. Entendi que eu poderia quem sabe, ser uma pequena faísca de luz na vida de alguém com minhas palavras. Despertar nas pessoas o amor universal que existe dentro de todos nós.

Gostaria de agradecer todas as pessoas que de alguma forma colaboraram para que eu estivesse aqui hoje, principalmente Tanise e Renato e os familiares da escritora Lorna Scheneider.

Quero agradecer especialmente, minha família por sempre ter me inspirado e incentivado a continuar escrevendo, meu amado esposo Milton, meus filhos Carlos e Davi e minhas noras Sandi e Nicole, com certeza vocês são a luz de minha vida, meu bem mais precioso.