Balanço

Pode ser, que a freada forçada seja um livramento, de algum obstáculo por trás da curva;

Quiçá, a luz de Deus tomando providência, mostrando cuidados, dada a minha vista turva...

Pode ser, que tantos, nãos, sejam sins, coletes a prova de estultícia guardando-me, enfim;

Que tanta espera seja exercício, e o que reputei desperdício, ainda se revela vital, no fim...

Pode ser, que a bigorna das frustrações esteja apenas forjando têmpera, firmando a fibra;

E a poesia seja a vara salvadora nessa perigosa corda bamba, onde, o vivente se equilibra...

Pode ser, que crise seja uma seta, que desaconselha antiga meta, direciona a novo rumo,

Que, incompreensões horizontais sejam docentes, pra que eu acerte com Deus, o prumo...

Pode ser, que a toca que zeloso cavei, sirva de abrigo a outros bichos, comigo o sem migo,

Que insegurança seja a nuvem de Deus deixando acampamento, apontando pra onde sigo...

Pode ser, que essa mistura de chocolate com pimenta, onde ora sou tormenta, depois, ternura;

seja porque carências são distintas, ora hipócritas dão as tintas, outra, singeleza procura....

Pode ser, que a postura que arrostam, essa água límpida que não gostam, seja requerida;

Pra uso não muito perto, em plagas que é mortífero o deserto, e quiçá, por lá, salve vidas...

Pode ser, que essa labor duro seja passageiro, e fomente uma pitada de tempero ao caldo;

Que total compreensão não alcanço, mas, serei útil, penso, se após o balanço, restar saldo...