Ser Elisa
A Belinha é uma Sereia,
Carinha de maré cheia.
Coradinha, qual lagosta,
Sua boca é uma ostra
Cheia de perolazinhas
Alvas, níveas e branquinhas.
A vozinha é o luar
E a língua, estrela-do-mar.
Os olhos são dois faróis
E os cabelos, mil sóis.
A testa é a maré vaza
E o rosto, a onda rasa.
As orelhas são conchinhas
E as sobrancelhas, sardinhas.
O narizinho é o anzol
E o queixo, o lindo atol.
O pescoço é de coral,
Seus ombros, o branco areal.
O corpo, tão vasto Oceano,
Mas é só a Alma que eu amo!
Toda Ela é uma ilha
De encanto e maravilha
E eu sou o marinheiro
Para sempre prisioneiro
Que não se quer libertar
Do mar salgado de A amar!
Ó minha ninfa tão linda,
Sempre Amada e Amante ainda,
Deusa de mil Universos,
Água benta dos meus versos,
Fonte de toda a Beleza,
Génio bom da Natureza,
Formosa, serena e calma,
Paraíso da minh'Alma,
Sereiazinha de Amor,
Deus Supremo e meu Senhor:
Já me perdi no Oceano
Do Amor com que Te amo,
E não me sei encontrar
No naufrágio de Te amar...
E, se o Amor é uma Ideia,
Ser Elisa é ser Sereia.
Ou, se a Vida me é precisa,
Ser Sereia é Ser ELISA!
Sª Mª Feira, 07-09-1990