Ótimos desfechos
Ela já não se permite aprazar-se na frente do espelho
Unhas cerradas, mal pintadas
Boca sem brilho
Sorriso sem dentes
Lembrou-se de você hoje?
Sim, ela lembrou-se
Banhou-se
Vestiu roupa qualquer
Conserva-te a vida, como aquele doce em compota esquecido
No balcão de trás da cozinha
Ele que era tão doce, hoje azedou.
Mônica Dalcol
O azedo que provas, doce infindável.
Ela degusta suas unhas amargas
Rói, lixa, pinta e descasca o esmalte
Alterna seu maneirismo compulsivo
Entre doces e unhas.
A unha calva chega a epiderme
Da alma doce escalpelada
Ainda há um sabor sem fim
Sabor da entrega à vida e ao remorso
Giovana Segala
Sabor da entrega a vida e ao remorso
Ela sempre se entregou
Carne
Pele
Boca
Coração
Palavras, sempre ditas
Crê não morrer jamais de remorso
Mas ela há de morrer
Morreu de quê?
Morreu de entrega
Entregou-se e jamais a teve de volta
Mônica Dalcol
27/01/09
Mônica amada amiga, irmã de alma e cérebro
nosso primeiro dueto de muitos..
Giovana Segala