Sobre a Noite

Nuvem de mistérios a pairar sobre humanidade.

Quem somos, quem fomos e o que seremos?

O que há além do céu? O que há além do Universo?

Transformações incessantes de nós mesmos,

Armando espetáculos constantes do que desejamos ser.

Escolhemos como personagem a noite.

E, em exercício de Artes Cênicas,

Anoitecemos logo ao entardecer.

Pretendemos ser desvendados e nos conhecer.

E desejamos ocultar o que não devemos ser.

Com o pouco cuidado de principiante,

Nos pintamos como o céu quando é escuro.

Nossas estrelas estão expostas, mas não sabemos nenhuma direção.

Sem dosar o brilho e a luz, destacamos a Lua, quase sempre cheia.

Cheia de nós mesmos. Cheia das nossas fraquezas.

Tão cheia deste desmazelo de quem não se prepara para atuar.

E já é quase meia-noite...

Então saia e olhe para o céu, olhe para noite e meia.

Vai se deparar com a imensidão do espaço acima de nós.

A atmosfera não esconde a escuridão do universo lá fora.

O silêncio convida à introspecção e agora...

Prestação de contas: a noite e você.

Você brincando de ser noite.

E a noite, sem perder nenhum tempo,

Transformando-se no dia que teremos.

No dia que podemos ser.

Quem é dono de mais mistérios?

Respostas que nunca vamos saber.

O que é escuro, nem sempre, obscuro precisa ser.

(Débora Andrade / Flávio Andrade)