Pelo que Nada Tens, Pequeno Homem




De pés descalços, alçados no frio
Espreita da rua a doce miragem
A fome que o tenta, o ventre vazio
Da janela o vidro reflete a clivagem…

Sobre a mesa, o pão, desperdiçado
Um resto de leite, uns bagos de uva
Lá fora o seu rosto triste nublado
E a cabeça baixa ao peso da chuva

Vai caindo a noite, e o frio no rosto
Do pequeno homem, e a pouca fé
Alastra dos pés que calçam desgosto
Do nada que tem, ao tudo que não é…

Inocente aviltado, sua idade vai além
Muito mais do que sabe, e já viveu,
Passa o dia a ganhar alguns vinténs,
Não percebe o quanto de si já perdeu.

Não encontra a própria forma de ser,
Não entende o que fazer de sua vida
Precisa de muita ajuda para vencer
Quer amparo, educação e acolhida...

Na espera de mudança segue o dia...
Olhos vagam no vazio sem esperança
Pairam no lugar onde a espera só adia,
Longe onde a cidadania não o alcança.


RoqueSilveira
Braga (Vila Verde/Portugal), 05AGO2009
Ibernise
Indiara (Goiás/Brasil) 06AGO2009
Nucleo Temático Educativo
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Ibernise
Enviado por Ibernise em 06/08/2009
Reeditado em 02/07/2011
Código do texto: T1739971
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