SOU EU!
EU SOU O VERSO QUE O SONETO NEGA
O VERBO ERRADO, A PALAVRA INCERTA,
SOU O POEMA QUE NÃO SE COMPLETA
A LUA OCULTA, QUE O AMOR NÃO ENXERGA.
SOU BARCO A DERIVA, SEM TIMONEIRO
SOU CAIXA FORTE, SEM CONTER DINHEIRO
SOU FORÇA DA EMOÇÃO DO AMOR NASCIDO,
SOU SOBRA DOS AMORES EXISTIDOS.
MAS SEI QUE SOU TAMBÉM UMA ILUSÃO
DOS SONHOS E DESEJOS DESVALIDOS.
SONETANDO CHEGO AO SEXTO SENTIDO.
PRO TEMPO SOU MINUTO, SEGUNDO E HORA,
PROS PRAZERES DO AMOR, SOU A ESPORA,
PRA VIOLA, SOU O CANTADOR E A CANÇÃO.
JOSÉROBERTOPALÁCIO
Nós somos companheiros de desdita,
Fazendo da ilusão nossa parceira,
Por mais que a fantasia não nos queira
Tentamos lapidar esta pepita.
E quando o coração louco se agita
Erguemos a esperança qual bandeira,
A vida nos prepara outra rasteira,
Porém esta batalha nos excita
Na persistência temos nossa glória,
E mesmo tão distantes da vitória
A história se repete a cada dia.
Brindemos com os olhos no futuro,
Pois nosso coração, sincero e puro,
Encontra amor e paz na poesia...
Marcos loures
SONETANDO
Sou o soneto salvo pelo verso
que verbaliza a vinda de um quarteto.
Do verso errado verso-me adverso,
cantando a cor que contraria o preto.
Sou poema do puro não disperso
no trato de tecer cada terceto.
O ilusório intimamente imerso
nas paixões permissíveis que prometo.
Ao invés de insistir no incontroverso,
ao sonho do não ser me submeto,
e comigo comento e me converso.
Eu sou sério, sou triste, sou faceto.
Sou useiro e vezeiro do Universo.
Sou parte do parnaso. Sou soneto.
OKLIMA
Quem sou?
Do meu mundo sou só uma faísca
perpassando esfumado como um véu.
Como um corisco vivo, rasgo o céu
que trama trevas, rasga, flama e risca.
Trastejo trilha triste atrás de um sonho
e faço dele o choro da ausência.
Faço dos versos um cantar bisonho
que se esvai, derretido na essência.
Soletra a solidão um triste vento,
às vezes calmaria, ora nebuloso,
tufando as velas cegas que enfrento.
Nau noturna, sem remo e palinuro,
ante a gárgula mãe do mar sestroso
és o soneto a chorar em meu escuro!
Golberi Chaplin