CRUEL DEVASTAÇÃO

‘À mata fechada

Vã oferenda de vida’

São holocaustos

‘Ao homem cruel’

Que a ela se assanha

Como animal feroz

Em pulsação veloz

Vilipendia suas entranhas

Rasga sua seiva

Matando a semente

Machado e motosserra

Sangram a terra

Não satisfeito

Enfia o punhal no peito

E queima sem piedade

Sem pudor, sem culpabilidade

Argumenta que é pra plantar

Para se obter colheita

Ou pastagens criar

Mas a natureza tudo espreita

E logo virá se vingar

Trazendo junto a seca

E a morte onde a vida pulsava

É um engano, um ardil

A autodestruição

No mundo ou no Brasil

Ao se vender ou comprar

Qual o preço a pagar?

O que restará para viver

Dizimadas as espécies

Da rica biodiversidade

Sem pena ou piedade

Rios de lágrimas...

Não nos salvarão

Da total devastação

Quando tudo virar deserto

Por certo

Só um mar de tristezas a navegar

E há inda que pensar...

Restarão ainda céu e mar?

Dueto: Hildebrando Menezes e Lourdes Ramos