REGRESSANDO AO TEU REGAÇO
Trago nas mãos edílicas, um gigante
Regressando do naufrágio do passado.
Desordeira, astuta e extravasaste,
Expelindo excelsa, um perfume apurpurado.
Acercou-me libertina as madrugadas
Aguçando o meu feroz olhar de espadas.
Foi o tempo esse carrasco da memória
Que coseu ao meu, o teu destino
Profanando e ultrajando a nossa história.
Hoje em mim, és um amor clandestino.
Num tempo em que jurava não teres espaço
Entraste e te aninhaste em meu regaço.
Minhas mãos cabem ilícitas nas tuas
Entrelaçadas no naufrágio do passado
Límpidas surgem afagando a face, nuas
Deslizando em teu corpo de pecado.
Expeli do ventre aromas perfumados de amor
Acerquei-te livre no deleite das madrugadas.
Acalma-te, o teu olhar desarma em flor!
O tempo banes das memórias amarradas.
Desnuda seguirei o teu destino
Em tua procissão, sou peregrino.
Hoje estou certa que por ti eu sinto amor
Numa história além do tempo e do espaço
Unidos neste pacto promissor
Aninho-me e adormeço de cansaço
No leito protector
Do teu regaço.
Beija-flor/varenka