REGRESSANDO AO TEU REGAÇO

Trago nas mãos edílicas, um gigante

Regressando do naufrágio do passado.

Desordeira, astuta e extravasaste,

Expelindo excelsa, um perfume apurpurado.

Acercou-me libertina as madrugadas

Aguçando o meu feroz olhar de espadas.

Foi o tempo esse carrasco da memória

Que coseu ao meu, o teu destino

Profanando e ultrajando a nossa história.

Hoje em mim, és um amor clandestino.

Num tempo em que jurava não teres espaço

Entraste e te aninhaste em meu regaço.

Minhas mãos cabem ilícitas nas tuas

Entrelaçadas no naufrágio do passado

Límpidas surgem afagando a face, nuas

Deslizando em teu corpo de pecado.

Expeli do ventre aromas perfumados de amor

Acerquei-te livre no deleite das madrugadas.

Acalma-te, o teu olhar desarma em flor!

O tempo banes das memórias amarradas.

Desnuda seguirei o teu destino

Em tua procissão, sou peregrino.

Hoje estou certa que por ti eu sinto amor

Numa história além do tempo e do espaço

Unidos neste pacto promissor

Aninho-me e adormeço de cansaço

No leito protector

Do teu regaço.

Beija-flor/varenka

Varenka de Fátima
Enviado por Varenka de Fátima em 02/05/2010
Código do texto: T2232240
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