a uma ausencia

Sinto-me, sem sentir, todo abrasado

No rigoroso fogo que me alenta;

O mal que me consome me sustenta,

O bem que me entretém me dá cuidado.

Ando sem me mover, falo calado,

o que mais perto vejo se me ausenta,

E o que estou sem ver mais me atormenta;

Alegro-me de ver-me atormentado,

Choro no mesmo ponto em que me rio,

No mor risco me anima a confiança,

Do que menos se espera estou mais certo.

Mas, se de confiado desconfio,

É porque, entre os receios da mudança,

Ando perdido em mim como em deserto

deusa poetica
Enviado por deusa poetica em 12/10/2006
Código do texto: T262792