Os mistérios do verbo - José-Augusto de Carvalho * O verbo dos mistérios - Lizete Abrahão
Os mistérios do verbo
Os mistérios do verbo, imprecisos evolam,
no devir, os sinais --- desencontros e esperas.
Ansiedades de mim que em fogueiras se imolam
e renascem da cinza a florir primaveras.
São gorjeios na noite inventando as auroras,
madrigais irisando aguarelas de rimas!
Versos de alma, talvez, segredando-me as horas
em que vens, devagar, e o feitiço sublimas...
Foi o mar que te trouxe, embalada nas ondas,
polvilhada de espuma e promessas de sal...
E na barca de mim, à deriva e sem sondas,
naufraguei num ilhéu de pimenta e coral.
E os mistérios do verbo, aureolados de espanto,
encontrei-os no enleio em que sou e te canto.
José-Augusto de Carvalho
18-19 de Abril de 2011.
Viana*Évora*Portugal
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O verbo dos mistérios
Lizete Abrahão
Por que o verbo se agita se meus os mistérios?
A palavra que guarda os sinais do devir
É a que dorme sob a pedra, em refrigério,
Num letárgico sono de asas a fremir.
Nas auroras que invento, tento amanhecer,
Pincelando gorgeios nas rimas das horas
E, quando vejo o mar, nas marés do meu ser,
Num balanço de espumas teu barco me ancoras!
Foi de sal a promessa que ouvi em segredo,
Entre os versos da noite e o dia da partida.
Afoguei-me em espantos, me fiz passaredo
E, no abraço das ondas, lancei-me perdida.
Encontrei-me no verbo calado de amar
E acordei um poema com gosto de mar.
Rio de Janeiro
23.04.11