MUSA RECLUSA

A musa está em coma

com hematoma no horizonte que a fonte risca

como primeira linha manuscrita pelo Sol.

A musa, reclusa,

hospeda-se na blusa de um sono profundo

até que a dor reviste o pranto

e tome uma gota de seu próprio sereno.

A musa não convida a noite

enquanto a tarde não estende a toalha

onde os sonhos brindam o sereno...

Mas alguém, sem estrelas à mostra

no rasgo fundo de sua névoa,

confundiu matéria-prima de construção

com pedra bruta em exílio de canção

e atirou o caco raso de seu prato vazio

sobre a mesa onde a musa servia a Beleza...

(MAURICIO C. BATISTA) (IN MEMORIUM)

A musa entristecida não percebe

o quanto é reverenciada pela poesia

que traz em sua essência a nobreza da vida.

A musa, reclusa,

derrama o licor do pranto

embriagando-se sem pretexto

no contexto de sofrimentos vãs...

A musa esbarra na manhã

com a sutileza de nuvens esparsas

e disfarça sua solidão...

Mas, um alento vindo da alma

dissipa a névoa de seu coração

e imprime com tinta de sedução

a mais pura e sublime canção...

(ESTRELA BRILHANTE)

Estrela Brilhante
Enviado por Estrela Brilhante em 04/08/2011
Reeditado em 04/08/2011
Código do texto: T3139549
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