A ESPERANÇA E A MUSA

A musa espera seu poeta

no Norte magnético de sua caixa postal.

As horas passam,

mas a espera é um dom de Primavera

preparando o fruto desde a flor.

A madrugada,

o sereno

e o primeiro rumor da alvorada não a expulsam da noite

mesmo com a partida da última estrela.

Seu poeta não veio no saveiro da manhã;

ela ainda o espera na silenciosa vela

que anota ventos com alma de moinho.

Certamente seu poeta não viu a seta

onde a Primavera aponta seu endereço.

A musa espera paciente a desfolhar minutos.

Se erguer o olhar e trouxer frutos

ele a encontrará como alvará de sua escrita

e hálito soberano de seu beijo.

Mas se sobejar a Lua ela será apenas um verso

que a letra seca não soube copiar...

(MAURICIO C. BATISTA)(IN MEMORIUM)

Enquanto a musa espera seu poeta

o pensamento navega ancorado num sonho.

A cada minuto o vento sopra entusiasmado

com o pólen trazido das flores.

Ao amanhecer ela não perde a esperança

de ter o Sol como companheiro da alvorada

mesmo que no horizonte anuncie uma tempestade.

A demora do poeta se mostra bela

quando a espera faz parte do ensaio

que seu amor realizou.

Seu poeta perdeu-se no caminho

pensando que o roteiro das ondas

levá-lo-ia para os braços de sua musa.

A paciente musa não desanima

porque seu desejo está entranhado

no bocejo que o beijo descreveu...

(ESTRELA BRILHANTE)

Estrela Brilhante
Enviado por Estrela Brilhante em 15/08/2011
Código do texto: T3161845
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