DESPINDO-SE EM POESIA

Vi o Sol rasgando a noite, rompendo-se no firmamento, num tom crescente e intenso aquecendo-me do Eu aos lisos cabelos caídos sobre os seios molhados do suor ardente de nós dois. Sinto os pés frios daquele que descansa. Fico no silêncio do corpo, observando as paisagens que me encantam no amante e ajudam a perceber as incertezas, dentro das minhas certezas... Observo verdades momentâneas, que talvez alivie à minh’alma, num dia que acontece após a madrugada molhada de beijos lascivos, ternos, excessivos e apaixonantes. Orvalho-me na janela entreaberta para me deixar tocar pela Luz e acolho o Dia Inteiro diante de mim despindo-se em Poesia...

...Não farei um palimpsesto destas costas largas, exaustas, envolta de um lençol bem branquinho. Não. Riscarei o céu do meu avesso, com nuvens coloridas do nascente entusiasmo que corrói em rabiscos palavras, versos. Escrevo uma novela para este dia, crio-me em múltiplos personagens. Quero ser a aurora dos meus segredos. E quando por mim o arrebol passar, todos os mistérios estarão mais claros, a brisa suave da manhã dourada vai colorir o meu coração de paixão, para que eu viva a cada dia a força do meu imaginário que voltará repleto de emoção e assim contribuir em forma de alento e dar lugar a razão.

Vi o Sol rasgando a noite, clareado as estrelas que no firmamento brilham, iluminando os meus pensamentos fazendo-me abranger um belo clarão, uma imensidão de versos tantos, que embelezam o nosso viver, crivado de amor, e puro encantamento, despindo - se inteiramente em Poesia...

...sou Amor dentro e fora de mim. Sem final por hoje. Esta história pode acontecer para um pouco mais do sempre. Sigo nua em ti.

Angela Chagas & Bia Cunha