A idade e seus ultrajes ( Marcos Sergio & Débora Acácio)
A IDADE E SEUS ULTRAJES
Baseado na leitura de:
Pontos de vista de George Carlin sobre envelhecer
Franco Micalizzi
Já se faz distante meus primeiros anos
Onde os contava pelos dias
Até por horas ou momentos...
Tal o furor que passassem rapidamente.
Tinha milhões de sonhos
Desejos infindos borbulhando.
E o tempo parecia se arrastar lentamente
Fazendo pirraça nos meus dias.
Tola ilusão a minha!
Achar que, com os anos,
Tudo aconteceria.
Era assim que eu pensava...
Por isso contava e contava
Num desespero atroz a cada dia.
Quando vi, passaram vinte
E um impacto de surpresa
Que me fez diminuir a contagem.
E a roda da vida se tornou mais rápida
Trazendo situações implacáveis
E momentos inexplicáveis.
Num susto cheguei aos trinta
Com suas marcas inesperadas
E estórias inesquecíveis.
Não demorou pros quarenta bater a minha porta
E talhar meu rosto
Fecundar meu coração
Com lembranças passadas.
Apresentaram-se então os cinqüenta:
Com certo cansaço
Uns tantos marasmos.
E, num repente, os sessenta
Encostou-se a mim de resvalo...
E eu já estava desesperado!
Já me negava a contar
Pois o tormento se agigantava.
Eu estava perdendo tempo
E isso me aterrorizava!
Vieram então os setenta
E muitos descasos.
Tinha as mãos trêmulas
O corpo débil
Tão enxovalhado de marcas
Que parecia peneira
Ou um móvel velho metralhado.
A contagem já fora esquecida
Até lembrar-se de coisas de agora
Era, às vezes, custoso.
Não sabia quanto anos mais eu tinha
Só sentia que era tudo regressivo agora
E a contagem já não tinha sentido.
Foi-se os anos...
Veio os momentos com tudo.
A vida brincou de horas comigo:
Tirou de mim a folha verdinha
Deixou-me a amarelecida;
Pronta para ser caída.
Marcos Sergio T. Lopes
18/04/2009
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A idade e seus ultrajes
( Débora Acácio 26/06/2012 )
Não!
Voltando em minha infância vejo
que tinha ânsia em envelhercer; esquecendo
algumas vezes de alguns bons momentos viver.
O tempo que eu achava que corria fracionado
hoje vejo que era muito acelerado ...
me vejo correndo pela barra da saia da minha mãe a quem amava e ainda amo com muita paixão.
Quem me ensinou a respeitar o bom velhinho; o ancião.
Aos 15 anos eu urgia em viver os 20.
E achava muita elegância aos zeros que o tempo, a vida na idade acrescentava. E mais ainda quando a mulher sabia se comportar dentro do intervalo da sua idade. Talvez pré-julgando aquela de 50 que se comportava como a de 20 que eu achava errado.
Mas meus botões adolescentes como sempre...
se comportavam.
Se entendiam como se velhos fossem
E tão bem se davam.
Aos 30 pela minha nada mole vida ... pela minha pressa em envelhecer, esqueci de amadurecer.
De crescer...
E atropelei algumas etapas que deveriam ser vivenciadas, experimentadas após os 30 e com uma certa estabilidade financeira e emocional.. Mas a vida é tão mágica que as vezes penso ser surreal.
E me ensinou que quando Deus quer mesmo que eu não queira eu vou saber crescer... sorrindo e algumas vezes chorando.
Mas, vivendo como tem que ser.
Cada ano.. acrescentado neste meu viver
Pouco tenho do que me arrepender exceto do que não fiz... pois tudo que fiz a luz da minha razão no momento, naquele instante considerava como certo.
Chegando aos 40....antes me aterrorizava.
Mas hoje me sinto sim como dizem por ai:
-Na idade da loba.
É quando enfrento meus medos em silêncio...
É quando grito meus sons as vezes mudo e outros estampados; não nas minhas rugas mas nas minhas ações. Nas minhas atitudes.
E que venham os anos ...
E que marquem na pele a minha história
Em cada sulco, em cada ruga
Uma cor, uma marca de vida,
de experiência...
Onde em cada novo amanhecer
Irei tecer com o mesmo amor, o mesmo carinho
cada página na história da minha arte de envelhecer