ATELIÊ DO POETA
Ysolda Cabral  
 
 
Excessivamente trágico e belo,
o poeta sem vacilação se desnuda, 
tal qual um paciente sem cura,  
se prepara pra compor outra veste. 
 
Com fios de versos desesperados tece 
o  que lhe servirá de mortalha. 
O molde recorta com navalha,
e, costura bordando rosas para ela.
 
Faz uma pausa... Se sente sozinho.
Da mulher amada... Pensa um carinho.
Saudade, lágrima e desalinho.
 
O ataúde num canto não é quimera. 
Para lá se dirige o olhar do poeta, 
e, conclui: há vida aqui.  Ele espera!

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A NUDEZ DO POETA 
Odir Milanez

O Poeta nos versos se desnuda
de corpo e alma, sem pudor ou pejo,
quando a musa, mortal, pede-lhe ajuda
ou quando o martiriza algum desejo.

Em desvendadas formas se transmuda.
Chora risos, do pranto faz festejo,
aumenta a voz ou faz a fala muda,
beija no abraço ou quando abraça um beijo.

Das negaças de amor emergem cantos,
a paixão lhe permite a insensatez,
dói em seu ser a dor de seres tantos!

Apesar de pesar-lhe a timidez,
quando a vida se esconde atrás dos mantos
o poeta se veste de nudez...

JPessoa/PB
17/08/2013
oklima

Sou somente um escriba que escuta a voz
do vento e versa versos de amor...