Um Brasileirinho - Sirlei Passolongo e Geo Fênix
Seu nome...
Não consta nos cartórios
Sobrenome então, nem pensar
Trabalha na rua
Da hora que o sol levanta
Até a lua despontar.
Nas costas...
Uma caixa de madeira,
E uma flanela para lustrar
Sapatos e botinas
Que ele conseguir engraxar.
Reza todos os dias
Pra chuva não atrapalhar
Sabe que sua fome
Só mata se trabalhar.
Seu endereço...
Não consta em nenhuma agenda
Cama ele não tem,
Dorme numa rede de renda
Que ganhou de um alguém.
Seus sonhos...
Já ficaram para trás...
Não tem mais ilusões.
Sua realidade é dura demais,
Perdas, incertezas, decepções...
Seu sorriso...
Até hoje, pouco se viu
Nos seus olhos, tristes marcas da dor.
No seu semblante, um grito
Que ninguém nunca ouviu.
Do seu passado...
O que trás são tristes lembranças...
Impossível esquecer o que já viveu.
Muito cedo, a infância perdeu...
Só guarda a foto, do pai que morreu.
Mas a dor que fere também ensina...
Menino valente, ele segue sem medo!
Ainda não sabe qual será sua sina,
É criança inocente num triste enredo.
Seu nome?
Ah! Talvez José? Ou seria Joaquim?
Onde encontrá-lo?
Perto de você, perto de mim.
Por esse Brasil afora, rodoviárias
E esquinas, praças e botequins.
Sirlei Passolongo e Georgea Fontes