TESUDINHA DO ODEON (ZÉ BETO) TESUDINHA DO CINE ODEON O RETORNO(LIZ)

Tesudinha do Cine Odeon

Não leia,por ora,esse poema

Se fores,por vezes,ao cinema

Essa é uma sensual fantasia

de um filme de flor e poesia

A lenda da tesudinha é bela.

Uns dizem que saiu da tela.

Outros alegam ser um fantasma.

Quem a viu, diante da lembrança, pasma!

O poeta foi ao Cine Odeon

Curioso que é, como o som

Astor Piazolla do Bandaleon

E bebeu a fonte de Ponce de Leon

Foi assim...

Solitário

Fora de mim

Imaginário

Pos-se na última fila

Balcão no andar de cima

Pensou em Dom Pedro e Domitila

Sonhou em verso e rima

Acordou do leve cochilo

Com um belisco no mamilo

- Posso passar, senhor?

Linda a mulher em flor

Ajeitou-se o poeta nas pernas

Poesia fêmea de palavras eternas

Abriu-se joelhos em compasso

- Passo ou não passo?

Os lábios carnudos anunciavam o batom

Seios fartos e duros davam o tom

Ela parada diante da sua cadeira

O poeta sem tela pensando besteira

- Viu o que faz o carpete no joelho?

Levantou a saia até a cintura

Queria ver agora a poesia no espelho

Sem calcinha,modelo nu pra pintura

As palavras não vinham na mão

O tesão tocava sua pele macia

- Sentiu minha dor ou meu calor?

Nenhuma outra palavra na boca:- Amor!

- Isso,faz amor comigo...

Diante da imagem do umbigo

Da Deusa Vênus de templo aberto

Deixei meu corpo ir bem perto

Orei por nós de lábio grande

Suguei a lábia com gosto da musa

Bebi a seiva que aflora e lambusa

Senti um leve toque na glande

Aquele momento sublime de calma

Transformou-se num vendaval

Perdi a compostura e a minha alma

Meu corpo é mais que um animal

A boca do palco engolia a cena

Delirava na fantasia de cinema

Musa molhada sentada me pica

Serpente se mexe,aperta e fica

Misturados corpos de frente e trás

Desejos e prazes em socadas boas e más

Gemidos e sussuros silenciosos

Mordidas ardidas,toques maliciosos

Unhadas agarradas nas garras de esmalte

- Vamos deliciosa tesudinha, pule e salte

A carne vinha e vibrava na carne minha

Senti a primeira explosão da danadinha

E outra ; e outra; mais uma

Pegada forte pelos quadris

Era tudo que sempre quis

Entro e saio com força,a cobra fuma

Escorre o nectar da flor dela

Delírios tropicais que nos pela

- Derrama dentro de mim,derrama

Drama da dama que ama a trama

E meti meu universo no inverso

Fui e voltei,um tanto perverso

Jorrei jatos de vida na vida poema

Gozei na cena que vivi no cinema

E a atriz vestiu-se no salto alto

Foi-se saída afora,buscando asfalto

O poeta ficou parado no mundo

Se sentindo um anjo vagabundo.

ZÉ BETO. (MEU AMIGO E MESTRE EM POESIAS)

TESUDINHA DO ODEON –O RETORNO

DIGA POETA O QUE QUERES?

- QUERO CONTINUAR A TRAJÉDIA

NÃO CHEGA O TRISTE FINAL

MAS QUERO QUE VIRE COMÉDIA.

QUE HISTÓRIA É ESSA

CALÇAR O SALTO E IR EMBORA ?

AINDA FALTA A CENA

QUE VOU CONTAR AGORA.

NA ESTRADA QUE RUMOU

TESUDINHA ,SEU SALTO QUEBROU!!!!

LEMBROU DE SUA BOLSA

NO ODEON, COM CERTEZA DEIXOU.

INDESCÊNCIA TER QUE VOLTAR

ALI NAQUELE LUGAR

ONDE SUA FANTASIA VIVEU

E DEIXOU SEU DELÍRIO GOZAR.

VOLTE TESUDINHA, SEGURE NA SUA SAIA

TRAGA NA MÃO SEU SALTO

JÁ QUE ESTÁ QUEBRADO

A RUA DESERTA, É APENAS UM FATO.

E PELA ESTRADA RETORNOU

DESCULPA TOLA O ESQUECIMENTO

É PRIMORDIAL QUE SE ENCONTRE

A CONTINUAÇÃO DO SEU MOMENTO.

PELA PORTA PASSOU, SUSPIROU FUNDO

TALVEZ NÃO CONSIGA ENCONTRAR

ALÉM DE SUA BOLSA E SEU DESEJO

O QUE SE ENCONTRA AINDA NO LUGAR?

ESCURIDÃO Á TONA, ATORDOA

FLUÍDOS DE MEDO E LOUCURA

POR QUE SE TÃO OUSADA FOI?

PÔS-SE ENTÃO A PROCURA.

PELAS SOMBRAS DESERTAS AS MÃOS PASSEAVAM

SEM MUITO SUCESSO SE AGACHOU

SOLTANDO GRITINHOS DE ALÍVIO

QUANDO EM UM VOLUME TOCOU.

- QUE A TROUXE DE VOLTA AO MEU CANTO?

JÁ NÃO TINHA PARTIDO IMPONENTE?

A VOZ GROSSA PORÉM TRISTE

NOTOU-SE A SUA FRENTE.

SEM PALAVRAS MIÚDAS, SÓ O SILÊNCIO...

PERCEBEU QUE NO LOCAL, ALÉM DE SEU OBJETO

HAVIA ESQUECIDO PARTE DE SI

SURGIU ALI SEU GRANDE AFETO.

-ESTENDE SUAS MÃOS TESUDINHA

PEÇA PRA QUE LOGO AMANHEÇA

BRINDAREMOS AQUI A AURORA

AINDA QUE NÃO MEREÇA....

-DEIXASTE EM MIM SUA MARCA

AS DELÍCIAS DE NOSSO TREMOR

MARCOU PRESENÇA EM MIM

COMO NUM FILME DE AMOR.

-MAS PARTIU SEM DAR CERTEZA

DE QUE PODERIA REPETIR

QUERO MAIS ...QUERO SEMPRE

AGORA NÃO PODE MAIS SAIR.

SEM OUSADIA NENHUMA

APENAS UMA VOZ FRIA

-VOCÊ VIU UMA BOLSA?

APENAS ISSO CONSEGUIA...

-NÃO , SUA BOLSA NÃO VI

MAS PUDE PERCEBER O DISFARCE

NÃO TENHA MEDO DE QUERER

REPETIR NOSSO ENLACE.

E NUM GESTO BRUSCO

DEITOU-A NO ESPAÇO

ARRANCOU-LHE SUA SAIA

PRENDEU FORTE SEU BRAÇO.

O BEIJO NEM TE CONTO

A LÍNGUA CHUPAVA EM MONTE

QUENTE NOVAMENTE O CINE

NASCE O SOL NO HORIZONTE....

QUE BOLSA QUE NADA

VOCÊ NÃO CAIU NESSA!!!

ERA A REPRISE DO FILME

QUE RODAVA SEM PRESSA.

O FINAL TODOS JÁ SABEM

PORÉM NADA DE SALTO MAIS

ESQUECERAM DO DETALHE

QUEBROU-SE CENAS ATRÁS.

LIZ.