Inveja

Inveja

Dama mulambenta que reina durante o cio

Desnudando com viril ardor o corpo limboso

Oferece-se libidinosamente

Em seus úmidos poucos trapos

A alma dos desprevenidos...

Incomoda até a mais santa das criaturas

E os poetas, que de santos, só tem esconderijos

E abismos, onde escondem-se de si mesmos

Tentando proteger-se da escuridão do mundo!...

Inveja tem olho-gordo e profundas olheiras

Cega, enxerga à distância, arromba portas, destranca janelas

Trancadas com cadeado e várias trancas...

Manca com passos de atleta de pernas rápidas e longas...

Os pés da inveja, são infelizes e n'alma, cicatrizes e artimanhas...

Arranco os sapatos dela e as vestes

É tão feia que odeia ficar nua...

Tem faro de bicho, remexe o lixo e chega ao nicho exultante

Descobre a caixa dos mistérios que guardo com delicadeza

Os lençóis de linho, as toalhas de mesa,

Bordadas com tuas iniciais...

Para estender na alcova, quando chegares...

"Morra de inveja"! Inveja!

Versos possuem veneno e antídoto, para tua cara desdentada.

É a decadência dos fracos

Prostitutos e meretrizes, que nem sabem fazer vida, nas esquinas

"Rameira de todos os sistemas inter-planetários"!

Quer tudo que o outro conseguiu ter e ainda ser o outro

Pensamentos decadentes e sonolentos

No inferno d'alma dos descrentes...

Inveja dorme em seu muquifo lascrifento

Suga-sangue, de indefesos rebentos

Quebra vasos em atos proscritos!

Buracos sem luz

Moinhos sem vento

Árvores sem galho

Flores desfolhadas

Barco sem vela - à deriva -

Poesia sem nome

Manchada de tinta-vermelha, em letras de sangue...

Pernilongos, zumbindo nos ouvidos

Ventilador barulhento, espalhando poeira

Noites insones, rangando lençóis contorcidos

Causa dor nos desvalidos!

Dela, nunca serei amante

Muito menos amigo

Não a quero por perto

Quero a cara dos inimigos.

Ronda à cama, cantando, montada em sua vassoura

Faz strip-tease n'alma e reand-vouz no corpo

Cafetina e cafetão, cobra venenosa

Feiticeira, soltando labaredas pelas ventas

Mexendo seu caldeirão!

Gritando: Inveja santa!

Inveja branca!

Inveja benta!

Água que não bebo...

Não me toque, fiquei transparente

Sugaram-me tanto, que quase fique oco...

Vou cuidar do jardim

Banhar-me em unguentos, para expulsá-la de mim

Replantei-me: Sou árvore, ela cupim...

Tony Bahia & Eron Levy

Tony Bahia e Eron Levy
Enviado por Tony Bahia em 09/01/2013
Reeditado em 10/01/2013
Código do texto: T4076192
Classificação de conteúdo: seguro
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