Amor conjurado em esconjuro
 
 
 
Mas que infame sentimento, quão prazeroso, quão confuso, racional...
Por razões torpes abandonas e por motivos óbvios me consola.
Regozija-se em meu desespero, fugaz, dança com meu emocional.
No âmago de meu lamento, penso que, as lágrimas, já vem de outrora.
Chama-te amor, porém não entendo, enquanto amor, me confundes
Se choro sei que é tristeza, se sorrio, sei que é costume
Mas amor, ora, deveria ser de todo contentamento.
Em minha alma suave perfume,
Mas não tarda em torna-se lamento,
Quando o sonho à decepção se resume.
Perene deveria ser o amor,
Dedicado ao mais inócuo coração,
Mas temas em deleitar-se daquele
Que usa de escudo somente a razão.
Vai-te, por vezes pérfido, por vezes amor.
Vá dizer que o mais nobre dos sentimentos,
Sabe dar asas ao ódio, embriagar-me de meu próprio rancor.
 
D.
 
Insólito amor conjurado, não existe em corações apaixonados
No âmago de teu lamento percebo decepção em avançado estado.
A dança da comunhão entre amores é de passos leves e soltos...
Não há nada ensaiado ou marcado pelo tempo; a musica é sublime e eterna
Bailar não cansa!
Reconheça o amor onde não há a gana e o prazer na causa da dor...
Reconheça o amor no desapego e na felicidade do amado
mesmo que não seja ao teu lado!
Que passe teu estado de embriaguez, que teu rancor transmude à alegria
Tão assim somente o vulpino amante perseguidor de vidas
correrá para longe de tua estrada... Um novo tempo nasce em contentamento!
 
T.
 
 
De esvair-se de si, está fadado o amor.
Notório que me faz chorar, não menos, me faz sorrir também,
Pelo imaginário vou assim a caminhar,
Diante de ti já não controlo o que me convém.
Faz-me acreditar que os céus eu posso alcançar,
Que o divino em mim se assume.
Nos mares desejo me lançar,
Mas o sútil toque de suas mãos me confunde.
Não ignore a força do amor, 
Ela surpreende o mais nobre mortal.
Irrefutável, como pensar na dor,
Quando um simples toque me refaz, afinal.
 
D.
 
Concebo saudade em sutileza ao vaguear a utópica expressão de teu olhar...
Perde-se em miríades de estrelas, como que tentando trazer pra si algo a mais...
Certos anseios fazem-me recordar a candura esvaída dos olhos de tantas que fiz chorar!
Paixão é o espinho cruel, prende o homem em maldição...
Mas, a pequena luz de uma teoria me instiga a busca por entendimento
A jornada nos corações cálidos e apertados de tantas que foram a “Dulcineia” de meus sonhos
deixa clara a irrefutável conclusão: O homem em declínio carnal só anseia dos desejos a satisfação!
E o amor, assim, passa a ser confundido com o vicioso prazer de ter saciado em prazer...
Mas a paixão, fogo voraz no leito dos amantes, é o impulso extremo do desejo de ver-se completo
existindo no âmago de outro alguém, e por ser extrema nos fascina, e foi assim que exerci dominação...
Hoje, amolgado na saudade de teus encantos, busco teus olhos nas estrelas que distantes estão 
E na falta do descanso em teu seio, aprendi a descansar na certeza, que prazer algum supera a virtude de amar!
 
T.
 
 
 
O que fizeste de mim, me manchou de morte,
A sombra da tua frieza, cais do meu coração
Te espero ainda que com honra lançada à sorte,
Ainda que meu arroubo te seja vão.
Tórridos beijos secaram minha boca,
Cálices salivais ainda me embriagam,
Me faço de santa ainda que louca,
Teu desprezo é faca que aos meus punhos sangram.
Olho inerte o cenário de minha realeza,
A cama que me fez a mais desejada dama,
Hoje é palco vazio, cadê a nobreza
Pra ter-te me sujeitaria à lama.
Nem a mais sórdida embriaguez me salva
Da aridez de tua ausência
Olho ao longe a lua alva,
Até nela lembro tua existência.
Manchada de morte ainda me encontro,
Atracado está meu coração,
Rasguei o véu do meu encanto,
Profana escrava dessa pérfida paixão
D.
 
E como culpado único deste fim trágico
eu, perjuro de um amor sagrado, me ergo!
Chega-me, cavalgando os raios da lua,
Ela, que como, eu não sei, morreu em uma janela
esperando a silhueta de alguém avançado na rua!
 
Coveiro da pureza virginal, não pode ocultar o cheiro da própria sina
jogando sobre o corpo marcado de morte uma farta pá de cal!
Lua, que guarda os amantes, leve meu recado para terras distantes
onde enfeitiçadas amantes esperam por  mim ainda!
 
Diga que não mais hei de voltar perfumado de pecado
Que lama alguma me fará erguido em erro lascivo!
Mal esconjurado!
Lua leve a cura de esse querer atordoado!
 
Que as fadas e ninfas das noites seresteiras
animadas pelo canto triste de um bandolim
retire a magia desta trama que parece longe do fim!
 
Digo-te então...
 
Cavar tua sepulta não foi o largo de minha intenção
Conjurei com o pensamento teu querer insano
Com meus beijos comprei tua alma...
E gozo desmedido, do contrato foi a clausula
que selou nossa incendiosa paixão...
 
O que posso fazer para que restitua a paz de teu coração?
Dar-te um instante mais de meu toque mundano?
Rasgar eu mesmo o véu de teu encanto
e corromper mais uma vez tua cama?
 
Queres morrer na penumbra fascinante 
de olhos cuja terra já comeu?
Queres erguer do tumulo esta paixão sepultada
que por erros em concordância de nosso querer
foi o que nos lançou distantes do que nunca foi meu e nem teu!
 
T. 
 
Dê-me então tuas mesuras
Tua compaixão eu clamo
Me fiz petiz pra ignorar censuras
E do recôndito de minha sepultura te chamo,
Óh, amado de minh’alma
Inócuo e pérfido amante
Espero teu toque que acalma
Esta tênue mulher inconstante
Não te banhes do meu sangue derramado na dor
Vem possuir novamente minha cama
Lavar minha honra com teu suor
Quão baixo por amor, vai, esta que te chama.
Que o som do bandolim não se cale
Somente este ofusca meu grito,
Mas se é pra te chamar, que minha dor fale,
Da minha anuência em te ter comigo
Vêm fadas, ninfas, testemunhas dos amantes,
Cantar a trilha deste pernóstico amor,
Aceito tua esmola, livra-me do frio alarmante,
Do tumulo que me abraça com furor.
Nem teu, nem meu este amor belicoso,
De onde me vens então essa vontade insaciável
Te pertencer, é quase um desejo criminoso,
Vem saciar-te desta pobre miserável
Tomada por inteiro de um desejo ruinoso.
 
D,
 
Respiro fundo e luto contra mãos pequenas que me agarra os pés
deseja puxar-me para as profundezas escuras deste rio inglório..
Águas salobras, lágrimas de aflição, acumuladas...
Dormem sob o peso desta tumba aquosa
Ninfas que pela minha paixão foram afogadas!
 
Insano senhor dos desejos profanos
insatisfazível em sua gana por prazer
foi julgado e amaldiçoado por espectros magoados
que lhe roubou o ar em ávida busca por vingança!
 
Amantes descartadas pelo o soberano da conquista
Amantes mortuárias que entendem-se por vivas...
presas estão em angustiosa estadia...
Quão sofrível me é essa escrita
saber que este rio escuro e venenoso ainda existe...
 
Quão triste é ver-me impotente diante as frutas que semeei
Quão triste é perceber, que ainda vagam em desespero
rasgando as vestes e provocando medo...
Como lamento por saber que esta desforra é minha herança!
 
-Não, não te dou por esmola minha compaixão
eu que diante ti dobro meus joelhos
despido de meu orgulho felino peço perdão!
 
Livra-te de me ter incendiando tua cama...
Livra-me de cair novamente nesta armadilha...
seria hipocrisia dizer que sou inteiramente negação
Triste, constato que ainda sou perigo, então...
Não me tentes a esta insanidade!
Abrenuncio anelo de maldição!!!
 
O senhor que se arrependeu e buscou concerto
hoje ver-se impelido a adentrar novamente em triste enredo!
Já não quero mais paixão doente
desejos carnívoros... Nesta peleja anseio morrer pare sempre!
Permaneço no basta que me arrancou dos pulmões o afogamento!
 
Siga em seu caminho, deixe que tua pele enrugada pela imersão
em águas pútridas, volte a ter vida, que o sol te aqueça e te desperte 
para novo e luminoso dia!
 
Não te obrigues a sangrar os lábios em meus beijos
não desperdice tua formosura na agrura desta zina!
Vai-te menina, te liberto da tumba que guarda virgens em sono negligenciado...
Sejas tu um folego primeiro da liberdade que nasce em tantos corações
que por minhas culpadas mãos foram molestados!
 
Se depois de ir sem a acepção de antigos perfumes
E ainda sim por mim sentir lampejo de amar...Recebo-te em minha alcova
Mas por hora, partas que teu sangue não quero tomar!

T.
 
Como posso mais agradecer sagrada libertação,
E como posso ser livre se te entreguei minha vida,
Hoje, porém te espero à sombra da mansidão,
Na certeza de que não te rogo, dou-me a saborear a alegria.
Nem as lágrimas de outrora puderam esfriar o fogo que deixaste em minha cama
É desta calor que vivem os amantes, 
A brasa que estimulada novamente é chama
E clama que num rompante, volte!
Hoje já não buscarei meu reflexo em águas pútridas,
Tenho outro reflexo, e este emana amor,
Minhas lembranças serão tuas noites de dúvidas,
Se queres o frio ou buscarás meu calor.
De ti aprendi o quanto amar nos leva longe,
Nem percebi como esse barco já vai longe do cais.
Hoje fleuma tal qual um monge
Posso admirar o mar sem receio da onda que vem e vai.
Da brisa faço seu toque, a paisagem vem desenhar teu rosto em minha mente.
Por agora a música que tocar ao longe será alegria ainda que tristeza
Porque metade de você em mim é dúvida, mas a outra metade é saudade.
Assim aprendi que espero enquanto vivo, 
Por excelência, de tão intenso, percebi que tua volta está repleta da minha certeza.
 
D.
 
Seguirei em mar aberto, livre em minha embarcação, não levarei culpa alguma, pois dei-te chance de libertação...
Sim, desenhe-me no horizonte, pois parto para voltar quando tiverdes cansado de tanto esperar...
E somente quando o fogo não resistir ao tempo  e outros amores, que certo virão, eu voltarei e poderei finalmente, na guarda de irmãos de uma nova era, dar-te meu amor e abraça-la com satisfação!
Cada escaravelho que liberto do calor uterino de minhas flores é um dia a menos de dor incompreendida em minha vida...
Olhando as ondulações espumosas deste mar , sei que se agora é calmaria, tempestade novamente, um dia, virá. Mas, passa, sempre acaba, nada é para graça de eternamente durar!
Sei que a dor que sufoca e quase mata, incontáveis vezes, não me pertence, é só um grito mudo de alguma alma amargurada, que por revés e justiça da vida clama para que eu a faça curada!

T.

 
Sigam em frente cárceres palavras, eu as liberto!
Vá, em cada canto por onde passei, vá dizer que libertando-as também me libertei.
Diga aos amigos bom dia, aos desconhecidos, sejam bem vindos.
Deseje saúde aos enfermos, paz aos meus desafetos.
Avisem aos meus conceitos que deles eu me despeço,
Diga as minhas verdades que lhes dou um ponto de interrogação,
Vai dizer a essa rotineira realidade, que ela é uma grande ficção.
Pode dizer aos pobres que aceito sentar-me a mesa para fartar-me da sabedoria que os alimenta,
Fale aos líderes religiosos que acredito nas palavras do ancião.
Diga a mulher que pari que ser mãe é outra questão.
Aos que julguei avise que lhes dou absolvição
Aos que me julgaram ensine que não respiro com ajuda de sua opinião.
Avise que meu sorriso alargou e que as lágrimas aprenderam a aguar raízes.
Diga ao meu preconceito que lhe dou direito de permanecer calado, e aos meus governantes avise que estou bem informado.
Avise aos meus apegos que deles me livrei, cada dia é por si, não me prendo mais a eles, pois, não sei até quando estou aqui.
Fala pro meu grito que agora é minha razão que determina até onde ele pode gritar, Ah! E diz pra felicidade que emoção nunca vai faltar. Fala pra quem me odeia que eu o respeito, até onde se pode respeitar e se não assim, ignorarei até onde for possível ignorar.
Tenho o mesmo espaço no livro da vida, a mim e a todos cabe a mesma leitura, mas é única a interpretação.
Vá dizer amigas palavras, aos amigos, companheiros, bajuladores de plantão, desisti de existir pra passar a viver, essa é a agora a minha certidão!
D.




Ele segue rumo aos seu horizonte insondável, na certeza de que venceu mais uma vez a paixão, e que deste embate, flores de amor e luz nascerão... Ela? Ela ficou sentada olhando barco de seu amado partir, pensou que demoraria muito para aceitar ou cansar, mas logo tratou de reagir, libertou porque foi libertada.
Drika Serena
Enviado por Noah Aaron Thoreserc em 22/05/2013
Reeditado em 22/05/2013
Código do texto: T4303343
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