O primeiro choro de uma criança, ao nascer,
é de saudade de Deus...
Eron Levy


Caverna da alma


Vencida a batalha contra os espectros
Que me prendiam na caverna
Alma ainda verte furtiva-lágrima
E esse sorriso sem graça iluminado por lanterna
Afugentam morcegos que ainda pairam no ar...
Fazendo aspirais em seus voos
Enquanto ouço o piar dos pássaros
Abrindo as janelas d'alma...

Escancaro cortinas, portas, abro tramelas...
Deixo a luz saliente entrar, me possuir
Entrei na caverna da alma
Buscando o silêncio úmido e turvo.

Mãe-caverna, abraçou-me,
Braços de pedra,
Beijo de musgo,
Colo frio e escuro
Sorriso mudo...

Madrasta, e as pedras, então lisas,
Como que de rio...
De beijos ásperos me cobriram,
E esfregaram-se em mim, feito no cio
E no cio das pedras, cortei-me...
Nenhum fio de sangue, apenas arranhões
Cicatrizados pelo tempo...
Néctar-vermelho escorreu,
Derramei-me...
Como em sacrifício a subterrâneos-deuses,
"Oferendei-me"...

Sem forças para dali correr,
Assustado
Ali deitei,
Ali deixei-me
Pensei no último suspiro
Amedrontei...

Fui morrendo
E ressuscitando aos poucos...
Caverna-escura-paranóia-de-loucos.

Em dias de Sol intenso, mirava as frestas,
E os meus reflexos nas paredes da caverna...
Busquei refúgio pra alma cansada
Tornei-me prisioneiro de mim em mim...

Amor é presente, presente ou fugitivo
Entendendo o que sinto ou não
Nas catedrais celestes
Ou nas catacumbas d'alma.

Prefiro ver as cores no horizonte, na sacada...
O por do sol me lembra o que não me recordo,
Acordo: Piso em ovos para não tropeçar na escada.

Tony Bahi@ & Eron Levy


Tony Bahia e EroN LevY
Enviado por Tony Bahia em 03/06/2013
Reeditado em 03/06/2013
Código do texto: T4323541
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.