André Anlub e Rogério Camargo 38

Um vento quente como o hálito de um bêbado bateu no rosto da desconfiança.

Deixou o desembaraço da incoerência, pois ninguém havia desconfiado desse ato.

Ela fazia sozinha o seu melancólico show de calouros, como as bonecas esfarrapadas de uma criança pobre.

Ela é esnobe; talvez pobre de espírito com tal artifício de em nada acreditar.

O vento quente seguiu seu destino e sua tarefa, deixando para trás um espetáculo mal acabado como o esqueleto de um prédio

Esperto! - o vento não para quieto, não esquenta lugar, não cria raiz, família, não constrói lar.

A desconfiança tem todos os motivos para não confiar nele e ele tem todas as razões para não levá-la a sério.

Esse (des) casamento é um mistério! - o vento sempre volta de surpresa (nisso todos confiam) e prega uma peça nos esquecidos, pois ele vem abraçado com o improviso.

O vento passa e a desconfiança fica, enraizada em terra ruim enquanto ele vai plantando inconsistências pelos ares.

Ela cria seus azares nas consciências em decadências e afins, ele recria liberdades fugazes a cada instante.

São dois opostos da mesma aposta, são o lado de lá e o lado de cá e o lado nenhum, que nenhum quer entregar

Um lado berrante, atuante, que passa com a razão, e um lado sem noção, sem nação, que errante como o passo adiante do bêbado que realmente é.

Rogério Camargo e André Anlub

(19/1/15)

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