André Anlub e Rogério Camargo 44

Esperando um grande progresso, encontrou um retrocesso e perguntou: O que faço com este sucesso?

Era assombrosamente descabelado, algo assim como o inferno congelado e um rato audacioso.

Cauteloso, foi palpando aquela superfície viscosa, sensação de carne esponjosa, boca de espingarda se fazendo de dengosa.

Nesse meio tempo inteiro, já havia o planejo desvairado do que seria feito com tal coisa; mas nada saiu como planejado.

A vida não é o que esperamos da vida. Lição carpida em muita despedida de ilusões grandes.

Mas ele abraçou a causa, tratou de guardar na calça, pois se cansou de prestar contas à sua consciência.

Cansaço inútil: ela estaria sempre disposta a cobrar. Mostrou-lhe a carteira vazia, entretanto, e partiu sem espanto para outra. Quem era a outra? O que era a outra?

Seus pensamentos se perderam numa avenida oca, que nem eco fazia; entre tantos temores, ali, na boemia, o seu olhar agora só a via...

Sim, só havia vê-la. Estava ali, inconteste. Esperando um retrocesso, encontrou este sucesso e perguntou: O que faço com o progresso?

Mas já sabia a resposta.

Rogério Camargo e André Anlub

(26/1/15)

Site: poeteideser.blogspot.com