André Anlub e Rogério Camargo 50

Havia uma palavra mais triste entre as palavras mais alegres, uma sombra bem disfarçada na plena luz do sol, camuflada pela timidez, pelo acanhamento e pela vergonha, de expressão minúscula, se moldava em versos curtos e se escrevia no lado negro da lua.

Leitura difícil: fácil era ler as palavras que saltitavam de excitação, que diziam olha pra mim, olha pra mim!

Olhos banais tendem a caçar leituras comuns, simplistas; olhos atrevidos vão além... buscam teores implícitos, metáforas e alquimias.

São olhos com dedos delicados na ponta dos cílios, são olhos com radares sutis, que viajam de carona nas asas das reticências e capturam vírgulas em outros confins.

Seguem a trilha que a intuição abre na mata densa do encabulamento e chegam a clareiras insuspeitas, vestindo as vestes de livros antigos, bebendo copos de vinho de letras, fazendo do conhecimento alimento que a palavra mais triste, ainda tímida mas já desnuda, berra com todas as forças, mesmo que dentro das mentes, aos quatro, talvez até cinco ventos.

Rogério Camargo e André Anlub

(1/2/15)

Site: poeteideser.blogspot.com