André Anlub e Rogério Camargo 178

Faço minhas as minhas palavras, sem requerer direito autoral.

Faço parte da arte pintada, escrita e falada – solta na estrada, na água e no ar.

Tenho compromisso com o que é meu, mas não sou dono de nada. Meu verso não está escrito na pedra nem a pedra é meu túmulo.

Ando e penso rápido – corro, paro e medito – estagno; a arte cresce nas duas formas, oxigênio e sonho.

Qualquer passante parando e olhando é apenas um passante parando e olhando. Se eu sigo, é por mim. Se estou ali, não é por ele.

Para os caolhos olhos alheios faço vista grossa; pego o martelo, formão e a grosa e vou rapidamente lapidar o meu mundo.

Pode ser que eu seja também um caolho. Mas não peço emprestado a vista de ninguém. Nem a prazo.

Pode ser que eu seja também um atraso, ou uma pressa... Mas não me apresso, tenho apreço nos detalhes dos entalhes da alma e da carne.

O que é meu é suficiente meu para que me deixe tranquilo não me adonando de nada.

Nesse final de tarde, durante a vespertina boemia, confiarei parte da minha arte ao fim do dia, conforme combinado no final da noite.

Serei por do sol com o por do sol. Em meu céu escreverei com as nuvens em fogo e terei a noite toda para lembrar.

As estrelas estarão lá, de óculos de leitura para ler em voz baixa e brilhar a cada verso.

Tudo porque faço minhas as minhas palavras, sem requerer direito autoral.

Rogério Camargo e André Anlub

(17/6/15)