André Anlub e Rogério Camargo 189
Faço minhas as minhas palavras, sem requerer direito autoral.
Faço parte da arte pintada, escrita e falada – solta na estrada, na água e no ar.
Tenho compromisso com o que é meu, mas não sou dono de nada. Meu verso não está escrito na pedra nem a pedra é meu túmulo.
Ando e penso rápido – corro, paro e medito – estagno; a arte cresce nas duas formas, oxigênio e sonho.
Qualquer passante parando e olhando é apenas um passante parando e olhando. Se eu sigo, é por mim. Se estou ali, não é por ele.
Para os caolhos olhos alheios faço vista grossa; pego o martelo, formão e a grosa e vou rapidamente lapidar o meu mundo.
Pode ser que eu seja também um caolho. Mas não peço emprestado a vista de ninguém. Nem a prazo.
Pode ser que eu seja também um atraso, ou uma pressa... Mas não me apresso, tenho apreço nos detalhes dos entalhes da alma e da carne.
O que é meu é suficiente meu para que me deixe tranquilo não me adonando de nada.
Nesse final de tarde, durante a vespertina boemia, confiarei parte da minha arte ao fim do dia, conforme combinado no final da noite.
Serei por do sol com o por do sol. Em meu céu escreverei com as nuvens em fogo e terei a noite toda para lembrar.
As estrelas estarão lá, de óculos de leitura para ler em voz baixa e brilhar a cada verso.
Tudo porque faço minhas as minhas palavras, sem requerer direito autoral.
Rogério Camargo e André Anlub
(17/6/15)