Orfeu, em Solidão, Encontra Agatha  em Consternação


   

Os amores, a paz de um segundo onde uma metade se faz inteira, parece ser a busca de todo ser na face dessa Terra desmedida e confusa.
Como pássaros de uma asa só desejamos voar, mas impossível é sem a asa que nos falta, e tantos são os pássaros de uma asa apenas, uma atrofia ingrata, pois essa parte que nos falta é o complemento de nossa energia e a buscamos em lençóis diversos e nas estrelas do firmamento e essa busca acaba nos fazendo descobrir infinidades de mistérios... Eu, Orfeu da nova era, me afastei do encantado amor, dei adeus para Eurídice, que como eu, também é poeta... E segui pelo caminho mais uma vez solitário, tocando minha Lira de saudade condoída, e por que disse adeus? Por medo de explodir o mundo se ficasse de seu lado.

E no meu caminho reencontrei a amiga Agatha, uma antiga salamandra, filha do fogo e amante do vento, ela sonhava e se contorcia em um dilema de amor, seu coração encontrou um violeiro, um cantor e poeta revolucionário, mas cheio do afeto brejeiro... A amiga me confidenciou e eu quis ver o renascimento de sua poesia, pois eu como poeta, sempre tinha ao meu redor os artistas das linhas doces e benditas, Agatha também escrevia. E mal sabia ela que seus dilemas tocavam os meus dilemas, e que sua verve era um cerco do destino a despertar em mim o Orfenismo e a minha habilidade de curador, pois só assim podia eu também sanar a minha dor:


-O questionamento de Agatha-

Não terei nunca nessa vida,
Terra ou pedra suficiente
Pra tanta lápide ou túmulo
Que eu preciso pra sepultar
Todas as minhas Amandas
As Sarahs, Alessandras, Lunas e Agathas
Que eu deixei morrer de inanição
Pelas histórias não vividas,
Pelas linhas não escritas
Pelos sonhos não contados
Onde morreu a escritora?


- A resposta de Orfeu-

Morreu onde nasceram os medos
as fugas e buscas, para fugir dos meios!
Morreu na rachadura do espelho
nos suspiros de um escondido anseio
A vontade pela vida
a descrição em uma poesia...
jaz todas que foste tu em abismo sobrenatural
tu as precipitou por querer fazer parte do "normal"
mas teus tantos fôlegos
não são para compreensão dos tolos
Volte para tua posição de salamandra
renasça como fênix, amada Agatha
Luna Alessandra Sarah Amanda...
e ressuscite a escritora no fogo sagrado
volte a vida e para as conquistas de seu legado




-Agatha canta ao Seu amor-

Deixa eu fazer de você
A fagulha que eu preciso pra acender mais uma estrofe
Eu não conseguia escrever então,
me deixa Fazer de você minha última vírgula
Vem, deixa eu te escrever
Deixa eu usar as borboletas que você me deu
E as músicas que você tocou na viola
Ou vai embora de vez
Deixa alguma coisa de bom
Nesse vazio que você trouxe
Por não me deixar saber por quê
Por quando, por onde
Eu via o céu além das nuvens
Agora tudo o que vejo são ilusões
Pois o céu que eu via além do muro
Está ofuscado pelas suas lembranças
Me deixa ver o mundo
Ou me deixa escrever sobre você
Eu não vou pedir para você ficar
Então voa, o céu está além das suas asas.


- Orfeu divide com Agatha Sua dor-

Tão belo é ver-te, amiga minha, inspirada à poesia
Escute meu cantar, e receba meu testemunho
como refrigério de alegria...
Venho eu de Lira em Lira
de poema em poema
de canção em canção
Em busca de meu amor
que me fará ser um com a imensidão
Mas, ao encontrar, sempre tenho que me despedir
ou a perco no inferno
ou me vejo destronado ao deus dará
eu, o médico do coração,
pareço viver uma maldição de ter de se separar...
Mas, amiga, alegra-te o coração
viva esse instante de libertação
que só o amor pode ofertar
e mesmo que teu violeiro não seja teu amor verdadeiro
ele é um trecho de ponte
que para seu grande amor há de te levar!



Houve silêncio na alma da Ninfa de fogo, o vento soprou o céu se fechou, choveu...A noite caiu, novo dia de sol nasceu...O Silêncio foram de dias... Orfeu e Agatha suspiraram ao mesmo tempo, olharam-se e iluminaram o espaço com um sorriso de afeto!

- A Epifania de Agatha-

Caro amigo ao te ver aqui
com tua poesia e sabedoria
um feliz sofredor tão solícito...
Acredito que para mim se revelou o amor!

Em todos os meus caminhos
Senti a dor dos espinhos
mas comunguei com a beleza e perfume da flor!

E meu violeiro... Ha! Meu violeiro...
Sim... É amor verdadeiro...
Pois o amaria independente de sua posição
em minha vida!

Se fosse meu rebento, filho de minha carne
eu lhe seria a mãe dedicada a guiar-lhe!
Se fosse um irmão, eu lhe seria singela devoção
se amigo fosse, lhe seria amiga...Amaria
Se fosse uma simples pedra, me apaixonaria
e seria meu amuleto de magia...
Se fosse meu amante ardente
lhe seria o amor fiel e presente
Arderia em chama...
E se fosse uma flor... Eu amaria
não arrancaria da terra...
Me despediria beijando suas pétalas!
E se fosse ele a estrela mais distante do universo
quando ergue-se meus olhos para os céus buscando sonhar
essa estrela brilharia mais que as outras e eu iria amar!

Entendo que amor só é amor
quando mesmo sem beijos
abraços e calor... Ele existe inteiro
perfeito, maleável para ser vivido
de todas as formas e jeitos!



Orfeu correu seus dedos em sua lira, e deixou seus olhos perderem-se no “AL di lá” do céu... Respirou fundo... Sentiu-se como fosse sua Eurídice, mesmo ali como menestrel!
A revelação de sua amiga era a sua melhor canção.


- O canto de Orfeu-

E agora, nessa hora, eu Já não sou eu
Porque amar é tornar-se seu amor...
E por isso sou trovador...

Chorei cada despedida do amor
lamentei cada adeus...
e cada lágrima foi um canto
em busca de curar a dor!

Mas todos os amores que vivemos
dos maiores aos menores
é o mesmo amor em estado de treinamento!

Não há como compreender a felicidade em amar
sem antes perder
ver partir
sem deixar, cair, se ferir e chorar!

Esperamos o amor chegar
mas ele não chega, pois nunca se foi
e nosso amor está no ar...
no poder da terra
na fúria do mar...

Nos olhos dos amigos
na magoa desconhecida do inimigo
no abraço apertado do filho...
no encontro de amigas
em tardes chuvosas como essa
frias, mas fagueiras em sabedoria!

Descobristes teu amor, amada ninfa do fogo
E eu trago comigo o renovo...
Certo é que somos metade
pássaros de uma asa apenas
e voamos a duras penas
se arremessando aos braços de pares que não completa
mas que mesmo assim nos leva...

Acredito, que é só isso que é preciso
entender que o amor é incondicional
para sermos inteiros e encontrar a ave sobrenatural
que em juntura gloriosa nos levará para as alturas
Que é ser um com o tudo que já vivemos, e ainda viveremos!

Esse amor chega para nos fazer com o universo
em um beijo breve, ou em pequeno verso, sermos inteiro
misturados, eternos e completados
Integrados...Barras duplas que findam uma partitura
Mas acabou a canção?
Não!
ecoará como eternidade pela imensidão!
Pois há dois pontos pequeninos dizendo
que se repete a canção!

 
Noah Aaron Thoreserc e A. Agatha
Enviado por Noah Aaron Thoreserc em 08/09/2015
Reeditado em 08/09/2015
Código do texto: T5375096
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