Dueto : Contratos

(Aliesh Santos)
Sim, meu doce poeta,
Então estamos acertados:
Hoje à noite,
Tão logo assinarmos nosso contrato,
A ti me apresentarei,
Nua em pelo,
Cabelo contra o vento,
Pele macia e sedenta de ti,
Para a concretização de nossas avenças...
Autorizo,
Sem as cobranças
Que me seriam devidas,
Que me intitules
Por tempo indeterminado,
Como tua musa,
Como tua amante e única diva...
Também fica determinado,
Que por todas as madrugadas,
Cederei as curvas de meu corpo,
Para que sejam,
Por tuas mãos e palavras,
Profundamente lapidadas...
Estas, minuciosamente,
Deverão ser desnudadas
Em sensuais poesias,
Tórridas grafias;
E obrigatoriamente,
Participarão de tudo que escreves;
Desde as mais inocentes
Às mais sórdidas histórias...
Também fica acertado,
Por força deste contrato,
Que minha boca e meus beijos
Por ti, serão livremente usufruídos;
Por todos os recantos de meu corpo,
Tuas mãos terão livre acesso
E sem pudores, trafegarão,
Tocando, acariciando, bolinando,
Cada cantinho desejado...
Pronto... Contrato assinado!
Aquieço que me endeuse,
Que me envaideça,
Que me invada,
Que me ame loucamente...
E como recompensa,
Serei tua!
Dar-te-ei o corpo mais quente,
O beijo mais gostoso e molhado
Que já experimentaste...
Prometo-te
O amor mais puro e profundo,
Da musa mais apaixonada,
Que um dia já contrataste...

 
(LHenrique Mignone)
Tu me propões que assine este contrato benfazejo,
Sem estipular prazo de validade, como indeterminado,
Em que se tem grafado somente a data de seu início,
Firmando que nosso relacionamento será eternizado
A cada dia de nossas vidas, entre abraços e beijos...
Em cláusulas simples tu me mostras e bem o vejo,
Que anseias pelo refúgio de meus ombros e braços,
Sem subterfúgios e de forma clara e sem vícios,
Que somente anseias que te acolha em um abraço,
Que sacie todas as cláusulas deste infinito desejo...
Em contrapartida, só pedes que te sagre como musa,
Que te cante em meus versos e cesse teus anseios,
Atenda teus mais íntimos desejos como ora te sacio,
Que repouse a cabeça e pensamentos em teus seios,
Nos momentos de depois, despida a saia e a blusa.
Nua, a minha frente, saciada, deitada a meu lado,
Cabelos desgrenhados, olhos súplices, eu me refrato,
Ao me perder pelas tantas fendas em que me enfio,
Ao murmurar a teu ouvido que não será um contrato
Que me privará do bem maior que é o ter-te amado...



 
Aliesh Santos e LHenrique Mignone
Enviado por Aliesh Santos em 10/03/2016
Reeditado em 10/03/2016
Código do texto: T5569829
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