Voadera.

Quando olhais para a janela fechada

Percebe o tracejar da abelha

A voar no bocejar da madrugada

A indecisão de cada centelha

(Kenner)

A cada vez que bate a asa

Na sua demora defasa

Em um quase descaso

De seu grande extravaso

(Marcela)

E nem a simétrica de minhas palavras

Veementemente perturbando a alvorada

Percebe a brasa que consome

O ar carregado das nascentes

(Kenner)

Mas não só com palavras

Cutucada a alvorada

O poente se sente alvoroçado

Em ver grande chuvarada

(Marcela)

Dos antigos campos verdejantes

De antigas batalhas consumadas

O antigo chorar dos viajantes

Que no mercantil porto comandava

(Kenner)

No posto brilhante de chefe

E dos mais tristes viajantes

Enquanto voltavam das guerras

Traziam consigo não só vitórias...

(Marcela)

E nas antigas praças cantava

O alongar longínquo do crepúsculo

A ser queimado pelo ar do aluno

Que aprende a vender seus sapatos

(Kenner)

E vende também seus valores,

seus sonhos

Suas conquistas.

E tudo perde para o mundo crue e violento.

(Marcela)

E nesse misterioso ar de calamidade

Se estende a esteira de esmeralda

Em seu lindo vestido de calda

Procurando evitar a verdade

(Kenner)

E nada mais espera,

A não ser a mentira de quem a rodeia

E quer o mundo e suas mãos

Mais o mundo a cria assim

(Marcela)

Que corre em sua epopéia

A veia de sua criação

A teia de sua canção

Que todos os corações incendeia

(Kenner)

Obrigada Kenner,

agora, nossa obra está ai!

Marcela Cristina
Enviado por Marcela Cristina em 10/07/2007
Código do texto: T559448
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