CINZAS/PÓ (ANDRADE JORGE E NADIR A D'ONOFRIO)

Pioneiro desbravador dessa imensidão,

/ Sem medo, receio, opressão,

Flutuo nas veredas dos sentidos

/Como gaivota sobrevoando o mar.

Descobrindo a nascente da emoção, /

/ Fonte da minha inspiração,

Queimo o presente no cigarro que fumei, /

/visualizando um futuro seguro,

Jogando as cinzas sobre a amante solidão. /

/Dedicada presença, assídua.

Ouço vozes, ecos perdidos do passado, /

Hoje, solitários fantasmas,

Ando na noite, ando no dia, /

Não tenho sossego almejado,

Sinto a aflição, escuto a vã filosofia /

Seria insensatez... esse sentir?

Do ser atormentado, condenado, /

Prisioneiro de si mesmo,

Observo um anjo fingindo, fugindo, /

Parece estar envergonhado!

Peso o peso dos pecados feitos a esmo, /

Loucamente cometidos,

E dos grilhões que vão aprisionar, /

Arrastando-me ao inferno,

Porque ninguém foge de si mesmo.

O ser é seu próprio algoz!

Busco, procuro o futuro /

Mas que seja claro!

No horizonte dessa imensidão, /

Belo como o ocaso

A dor do tempo já espalhei /

Como folhas que o vento levou

Feito as cinzas do cigarro /

Amargamente consumidos

Que solitariamente fumei,/

Tentando a fuga da dor

queimando a solidão, /

Das noites vazias

Fruto amargo desse chão. /

Como o trago de Absinto!

Serei cinza amanhã, /

Resíduo, pó...

Hoje não...

ANDRADE JORGE

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25/09/05

RJ

Nadir A D’Onofrio

06/09/2007 19:29hs

Serra Negra SP

htp://www.nadirdonofrio.com/

ANDRADE JORGE
Enviado por ANDRADE JORGE em 11/09/2007
Código do texto: T647859
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