Lua fria//Um vento forte bate triste - dueto com Domingos Alicata

Lua Fria

Um vento forte bate triste,

e abre em minha noite a solidão,

exibindo uma Lua majestosa

que brilha fria, sem a sua emoção...

O aço fino desse raio prata,

corta-me a alma, em mil pedaços...

E da janela, fico a ouvir seus passos,

afastando-se, partindo em lentidão,

levando sem perceber, consigo,

o meu desatinado coração...

Tenho o ímpeto de gritar, pedir que volte

devolvendo-me a alegria e a ilusão,

noites claras de encantamento e magia,

dos versos puros de amor, a inspiração...

Não devo...

Fico vendo-o partir, calada...

Guardo em paz minhas palavras

com seu doce beijo de mel,

tatuado como estrela cadente,

na minha boca molhada de céu...

Desejo...

No lugar do meu coração,

o seu amor,

fica brincando em liberdade...

Saudade...

Um vento forte bate triste

No forte pulsar do vento, chega à minha alma a tua solidão. E a nossa noite, na majestade da Lua, recolhe a falsa emoção do brilho das distantes estrelas...

O aço fino que, vestido de prata, corta a tua alma, é o mesmo que transpassa o meu coração. E o sangrar das nossas feridas almas em argento lago de amor tomba. Tu, apenas na tristeza desta noite. Eu, já de morte ferido.

Passos...

Não sou eu quem te abandona e sim a vida que me deixa!

No ritual do adeus tento enganá-la. Inutilmente meus lábios cubro de mel e a beijo, com ternura... Na profundidade deste beijo chego aos teus lábios, sempre abertos ao desejo...

E meus derradeiros poemas deixo-os tatuados no céu da tua boca, livres, brincando de viver na eternidade da tua voz...

Como esta noite solitária em que a minha alma já começa a recitar versos de saudade.

Domingos Alicata.

Rio, 28.10.2007