Dueto com Florbela Espanca

Lágrimas ocultas

Se me ponho a cismar em outras eras

Em que ri e cantei, em que era querida,

Parece-me que foi noutras esferas,

Parece-me que foi numa outra vida...

E a minha triste boca dolorida,

Que dantes tinha o rir das Primaveras,

Esbate as linhas graves e severas

E cai num abandono de esquecida!

E fico, pensativa, olhando o vago...

Toma a brandura plácida dum lago

O meu rosto de monja de marfim...

E as lágrimas que choro, branca e calma,

Ninguém as vê brotar dentro da alma!

Ninguém as vê cair dentro de mim! FLORBELA ESPANCA

Sim, houveram tempos de quimeras

Meu coração vivia de sonhos e ilusões

Dancei, cantei, brinquei

Sentia-me amada, querida...

Flores, mar, tudo em minha volta

Tocava amando com verdadeiro sentir

Mas tudo ficou tão distante, muito distante

A vida , aquela vida abandonou-me;

Penso, que há muito não faço por merecer

E minha alma sofre no mais profundo silêncio

As lágrimas estão aqui angustiando-me

Presas, não sei porque;

Calo-me, apenas calo-me

Pois não imaginam o que vai aqui dentro

Penso: Melhor assim! ISABEL TANIS CARDOSO

Isabel Tanis e Fiz dueto com Florbela Espanca
Enviado por Isabel Tanis em 22/07/2023
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