ILUSÃO DE CARNAVAL Domingos Alicata&Helena Morais

Pela encosta do morro desce,

em sublime cadência, o bater

ritmado de um surdo... No bater ritmado do surdo,

o meu coração palpita

a lhe chamar...vem brincar...

Em improvisada reverência,

o dia se ajoelha e a noite, com

fulgentes estrelas se fantasia.

Corpos desnudos e sensuais,

na suavidade dos requebros,

encantam o asfalto. Já vesti minha fantasia

e desço a avenida da vida,

portando a bandeira do amor...

E meu corpo molhado brilha,

latejando como estrelas na noite,

no desejo de lhe encontrar...

Pelo contagiante batuque, tímido,

deixo-me levar pelo natural desejo

de festejar a vida ... Braços erguidos,

sorriso moleque, conduzo meu já

limitado sambar pela rua. O vejo... sorriso moleque,

meio tímido à sambar,

mas os seus braços erguidos

parecem me convidar...

No abraçar de um corpo, sinto a

presença do prazer! Delicados

lábios tocam os meus, em sincero

convite ao amor. Em seu abraço me envolvo,

trêmula de prazer

sinto nos meus os seus lábios

e nem vejo, o dia amanhecer...

Permanecemos abraçados, imóveis,

enquanto a vida segue a sambar...

O bater do surdo se afasta, a noite

retira a sua fantasia... A vida seguiu a sambar,

o sonho chegou ao final,

despi minha fantasia,

me despedi da alegria...

... despido dos sonhos, aguardo o

passar de nova ilusão... ...até um dia... outra noite,

quem sabe,

em um outro Carnaval...

Domingos Alicata.

Rio, 22.01.2008

Helena Morais

SP, 23.01.2008