Ao som de um flamenco e de um gotejar de vida - sobre o livro Tudo que não sei sobre o amor, de Fernando Koproski

O que vem a ser flamenco? Ritmo espanhol envolvente, pulsante. De movimentos compassados exalando vida. Vibrações. Parece ser justamente essa a proposta de Tudo que não sei sobre o amor, de Fernando Koproski - movimento e vibrações. Nesse jogo, através do eu lírico, o poeta se envolve e conduz o leitor. A afinidade autor/eu líricos flui de maneira a crer-se num estado de perfeita harmonia, que por sua vez traz uma fluidez espontânea de som após som, de verso a verso, de poema em poema. Exposto nesses termos pode soar raro, mas o livro é para ser desfolhado - dissecado talvez – alerta aos aficionados por esse “gênio impaciente” incrustado em sei lá o quê de cada um, que concebe o poema como um relógio, tirando ponteiros, engrenagens, para buscar como se constrói. No entanto há um porém: o movimento, tudo que pulsa, some no desmembrar, assumindo certa insignificância, lamentavelmente. Vê, assim, o fluxo poético perder-se num vazio que não se enche. Não se divaga em vão aqui, nem se recorre gratuitamente aos presentes poemas para devagar mostrar que as palavras em si não são apenas tolices, “palavras apenas, palavras”. Tornam-se escravas livres. Sem vínculo de subordinação. De tão livres, algumas transitam por diversos poemas, como se derramassem gota a gota um pouquinho de seiva em cada lacuna, tentativa de reconstruir ou explicar a vivência desse ser lírico sujeito aos contrastes da vida plural. Chuva e piano surgem com forte recorrência no livro. No embalo de violoncelos, de violetas ou de um piano temos vários tons a fremir o tecido textual - um óleo circulando nas engrenagens, fazendo o movimento parecer natural. Este não é por nada artificial. É interação vida/arte, arte/vida. Vida vivida, vivaz. É voz velada, voraz. É contraste: doce unificação/triste separação. E o poeta assume a forma de um equilibrista. Atravessa os “benefícios” e os “malefícios” de apaixonar-se, de entregar-se a um sentimento. O eu lírico se aproxima muito do leitor, são vivências criando um ar de “familiaridade”. Cenas corriqueiras que alguém, se já não as enfrentou, poderia estar enfrentando-as em qualquer momento. Bastasse ser tocado pelo amor. É como se encontrasse frente a um espelho – o caráter do espelhamento. Gera-se uma relação de cumplicidade com o eu lírico. Altos e baixos. Que melhor maneira de aproximar os seres que explorá-los através do amor? Ele permeia e norteia a vida, permite a cada ser buscar sua individualidade e, em contrapartida, o aproxima tanto dos outros. Sabe-se que amar é da essência do ser humano.

Partindo-se a um panorama mais geral, na condição atual da poesia, vários poetas assumem ou tentam assumir a condição de “salva-vidas”. Em seus lavores, se arriscam ao se embrenharem em plena selva de pedra da modernidade, com o exato e necessário intuito de tirar dos escombros a poesia. Visões se divergem. Uns a buscam no cotidiano, no “simples” mover das coisas, no pulsar da vida em geral. São aventureiros percorredores de caminhos infindos, na tentativa de compreender as engrenagens das plantas, atravessando o azul do céu, o alaranjado do sol, a cadência do mar. Outros são os responsáveis pelas escavações - com suas perfuradeiras industriais - escavam e escavam as palavras, depois deixadas em local afastado das outras para evitar a contaminação, para que então se inicie o processo de dissecação, pia convicção de que é justamente nisso se esconde a poesia, e é de onde ela será tirada, como se da pedra se tirasse água. O artefato surgido na textura do papel não representa algo concreto, irrigados por vasos de seiva poética, mas precisamente poema de concreto. Tenta-se explorar o cotidiano para embasar os poemas, mas o método de construção poética se aproxima dos concretos. Não segue à risca o projeto dos concretistas e não cabe no outro grupo, pois não flui vida, poesia nos poemas. Manoel de Barros sintetiza o referido ao outro grupo. Mesmo não aceitando o epíteto de poeta ecológico – o que não vem ao caso - se vale precisamente da natureza para a construção de suas metáforas, isso quando não busca a primitividade das palavras. Poemas que pulsam e colorem a alma do leitor, instigando, ainda, a reflexão.

Este campo a que nos aventuramos neste instante é de pura tensão. No intuito de conceituar poesia ultimamente, abre-se um verdadeiro leque de distintas conceituações. Leque que só tende a aumentar. Os próprios poetas passaram a cunhar suas considerações sobre o que vem a ser poesia. Estas enfatizam seu fazer poético, estabelecem um caminho de arte poética, como a gama de estabelecidos ao redor do tempo. Acaba-se “cutucando um vespeiro”. Depôs-se a época que se impunha um determinado formato de composição e não se fugia daquilo.

Poeta é quem deixa a poesia fluir da e na própria vida, contendo-a e irradiando-a. Aí se insere a poesia de Koproski, principalmente nesse livro Tudo que não sei sobre o amor. Feito de poemas irrigados por de veias e artérias, poemas viçosos, “celulares”, que levam o leitor pra onde esteja disposto a ir e, às vezes, um pouco mais além. Se são vida, vida deve ser cantada. É imprescindível uma leitura em voz alta, a fim de percebermos vários recursos sonoros “usados e abusados” pelo poeta.

A temática do livro é nítida. O amor é elemento essencial no fazer poético do autor - não há como escapar. Para o poeta, o amor “é algo inevitável, pois todo o poema é poema de amor. Não acredito em poema que assim não o seja”. Com o título indagamos se o amor pode ser explicado. Deve ser explicado ou apenas vivido? O que se acredita amor pode não ser. O que se acha que não é assim se faz. Complexo? Disse-se o contrário alguma vez? As pessoas pensam, vêem o poeta como mágico, detento de todas as respostas na manga. Explica tudo. O livro suscita um pensar sobre o amor. Os eu líricos traçam diversos caminhos ao redor do que se sente. O que se clarifica, porém, é que, em matéria de amor, tudo se torna muito amplo: são vivências, experiências que para cada um podem ser distintas. Ou não. Em alguns poemas chega-se a encontrar jogos de paradoxos travados entre a intuição e a razão. Por essa rede tensa dois caminhos distintos podem se fundir num só, como se houvesse uma completude.

É esse o modo como somos convidados a adentrar no universo de Tudo que não sei sobre o amor, com os sentidos à flor da pele. É expressa a exigência de um bom e pleno funcionamento de cada um deles. Ora nos deparamos com uma musicalidade suavíssima, ora com uma voz pungente e de atrito entre alma e corpo, uma guerra árdua que arde e sangra, sangrando tudo que não sabemos sobre o amor, essa incógnita que não é um problema e, talvez, muito menos um teorema.

Como preâmbulo para o livro, vê-se uma citação de Camões: “um não sei que, que nasce não sei onde, / vem não sei como, e dói não sei porquê.”. Isto é o amor, algo inexplicável, que desconhecemos sua origem, que aparece assim do nada e, além de tudo, fere, incomoda, quando deveria confortar, trazer alívio. No primeiro poema, esse universo poético camoniano reaparece: “há coisas que a gente sente / e decididamente não entende, / outras simplesmente não sente...” e “ ...há coisas / que se entende / somente quando se sente, / mesmo que sem querer.”. O amor se constrói em cima do paradoxal, tenciona-se ao ponto de termos um verso construído assim: “a violenta suavidade das violetas...”, um jogo de palavras que quebra expectativas ao conjugar suavidade e voracidade em flores que seriam o porto seguro da paz, da harmonia e do efeito extasiante. A calmaria está à deriva, distante como uma pequena ilha. Vêm os ventos, os violinos, e as sibilantes rasgam a malha têxtil dos versos costurados a pontos “de nuvens”, “vôo de passarinho”, “de uma brisa”, tudo tão fugaz, passageiro. Tudo, afinal, articulado para nada explicar. Não é para ser explicado, é para ser vivenciado: “até mesmo os violinos / não foram feitos para serem entendidos...”; “para um vento quem sabe, sentir / já seja uma forma de entender.”.

Falar de poesia, trabalhar com poesia, analisar poesia é estar ciente de que a alma não descola do corpo. Os olhos com que as contemplamos, os lábios com que as pronunciamos trazem colados em si o universo da alma. Nesse envolvimento, a intuição nos confere a “fraqueza” de nos deixarmos levar pela harmonia. Vários desses poemas nos colocam assim. São sensoriais, sensitíveis. Trabalham com os sentidos; com nossa gustação: “procura-se uma musa que tenha lábios de halls de cereja”, com nossa visão: “distraída me mostras / a fragilidade das águas / azuis aos teus pés...”, com nossa audição: “ela tinha (...) todas as inconstâncias de sons de marés que o amor em silêncio lembrava.”, com nosso tato: “ontem abri um caminho na floresta” e com nosso olfato: “tentei apenas atravessar intacto por um canteiro de rosas brancas”. Há, inclusive, desmembramento destas sensações, com o aparecimento de elementos sinestésicos: “é que de dentro de mim / um blues chovia bem baixinho...”. O eu lírico sente e escuta a dor se expressando num ritmo compassado, alternado e choroso.

Para muitos críticos, a repetição de palavras num mesmo poema, ou em vários, está associada a uma pobreza literária, como vimos Drummond enfrentá-la com o poema No meio do caminho. Tanto em Drummond como em Koproski, salve as intenções um pouco distintas, há uma riqueza literária com essas repetições, há uma intencionalidade que exigiu um trabalho árduo do artífice escritor. Koproski recorre muito a instrumentos musicais na composição de seus poemas. Uma palavra bem recorrente é “chuva”. Abre espaço para inferirmos que cada poema é chuva caindo e lavando a alma; chuva que, mesmo fraca, vira um gotejar de vida. A estridência da chuva é pungente nos poemas, seja pelo seu som como pelo seu caráter penetrante. Vejamos os seguintes versos: “tudo que morre em vermelho, vícios, vênus, vinhos. / vícios que vestem virtudes, se esquecem e saem sem guarda-chuva no meio da tempestade de um amor.”. A aliteração produzida com a recorrência da consoante “v” chega quase ao excesso. Tanto aliterações como assonâncias servem de instrumento para estabelecer certa harmonia nos poemas. A assonância não assume papel de coadjuvante: “(...) quando ela me olha. Como dizer que sobre um sol irreparável ela me olha, olha, olha, / mas ignora as magnólias?”. De tão intensa transforma-se em um eco, e bem no final do poema, algo muito proposital, como se o eu lírico se dirigisse a essa que olha até que ela, talvez, escutasse seu apelo.

O poema esse flamenco exemplifica a recorrência dos instrumentos musicais e o forte apelo à musicalidade: “é de um encanto agressivo/ como tudo que não falado/ é escrito/ por um amor desesperado// é de uma graça/ e de uma agressividade...”. Seis versos nos quais aparecem as palavras “agressivo, graça, agressividade”, do que se pode perceber a recorrência do som “ce”, que ainda se nota em “escrito e desesperado”. Nos versos adiante, também encontramos as consoantes “f” e “v” nos levando para a mesma sensação de um ritmo rasgado e de atrito: “graça como a de um vestido/ que vermelho se abre em pétalas/ e agressivo como um olhar/ onde as rosas vestem espinhos// é de uma graça/ e de uma agressividade/ esse flamenco/ que faz as rosas despertas// porque vê nos espinhos/ um caminho para as pétalas.”. Versos carregados de sonoridade como “onde as rosas vestem espinhos” trazem o som de um farfalhar de sedas num embalo de um atrito “caliente”. O poeta assume a intenção de representar esse atrito quando constrói outro poema totalmente carregado do som de “s”, dando mais consistência a um aspecto percebido em outros poemas. Aqui o poeta é mais veemente em seu modo de expressá-lo: “vênus de velázquez/ vênus que vem em luas/ em nem/ pétalas de nuvens// vênus de rubens/ vênus de uma beleza/ a mais digna/ que se possa pensar ou pretender...”. Em que turbilhão de sons o eu lírico carrega o leitor, este se vê como frente a um mar agitado, convulsivo, carregado de amor através da figura da deusa Vênus.

Outra figura de linguagem presente no livro é a paranomásia, pelo menos em dois momentos. O primeiro em “a violenta suavidade das violetas”, o segundo em “(...) de morangos romãs amoras onde me moras”.

A personificação emerge num poema em que a dor é personificada: “dor que é dor só escuta samba triste / se depois faz blues é só por despiste”. O eu lírico brinca com a dor, pede que ela venha com força, que um poema sem dor não é poema: “Sei que não é coisa para se pedir, senhor/ mas o que será desse poema, sem dor?”. Se amamos estamos sujeitos à dor, como nos foi possível usufruir de tudo o que foi bom. Este poema, em especial, pode ter tido origem nesta dor que sente o eu lírico e ao passar o que sente para o papel o autor carrega-o de experiência psíquica, psicológica e mesmo material.

A linguagem é simples, de fácil entendimento, - mas isso não quer dizer de menor valor – enganam-se. Busca ser compreendido, procura a poesia como ela por horas o procura. Assim, um poema pode fazer-se de um momento casual: “esse poema é sobre aquela vez que a gente colidiu.”. O acaso dá origem a um poema e o poema exprime o acaso. O cotidiano torna a ser frisado em “Procura-se uma Musa”. A temática da figura da musa é lugar comum, contudo o poeta inova, fazendo-a uma possibilidade concreta. Uma musa “que goste de brigadeiro”, que carregue em si um espírito um pouco de “criança”, que não leve a vida tão a sério, que tenha “asas”. Uma musa com “um olhar de pétalas imediatas”, um olhar “perfumado” que embriague o olhar do eu lírico. Uma musa que transforme o sal em sol, que traga o inesperado, como o lembrar “luas na noite nublada”. Uma musa que apresente afinidade com a nostalgia, “que goste de dormir com chuva”. Enfim, uma musa que não se idealiza, uma musa materializada em fogo, volúpia e simplicidade, esta como palavra-chave nos poemas como um todo. A musa aqui não é aquela no pedestal, é uma musa do dia-a-dia, em perfeita afinidade com o eu lírico, ou seja, “que tenha pressa de primavera”, que busque ser feliz, que busque uma vida perfumada e colorida, uma vida cheia de vida.

Quanto à forma, os poemas não apresentam uma metrificação marcada. Os versos livres por horas são mais extensos e, por outras, mais curtos. Como exemplo, temos um poema que começa com os seguintes versos: “foi com a chuva que chopin aprendeu a tocar piano. não pensei/ que a tristeza fosse ficar assim tão triste, mas tive que a deixar.” Versos longos que às vezes podemos pensar qual seja a concepção de verso para o poeta. Contudo, o que de mais importante este poema apresenta só é possível perceber quando é feita uma análise interpretativa. Voltemos aos versos acima, a chuva se apresenta como um elemento de extrema importância. Ela é que ensinou chopin a tocar piano, seja por seu caráter nostálgico, seja por seu ritmo compassado. Pensemos no toc-toc da chuva no chão, os pingos se assemelham aos dedos do pianista sobre o teclado do piano. Há um elo de ligação entre os elementos presentes no poema: a chuva nunca mais deixou chopin, a música deste nunca mais deixou o eu lírico; “chopin insiste em me acompanhar”. Se chopin compunha sobre a vida, o eu lírico escrevia o que tinha vivido, a vida estava em estado de fluxo entre os seres através de sua melodia: “caro chopin, tudo que escrevi não foi o que eu quis,/ tampouco era o que sonhei. foi só o que eu vivi.”. O eu lírico compromete-se com a vida, o que vai para o papel são experiências concretas. Para fechar de forma esplêndida este poema: “todos os que amam ou amaram um dia deixam a dor escrever/ a sua biografia.”. Somos menores frente à dor. Como os poetas do Romantismo: fazer poema é escrever sobre o que se sente, devendo levar em conta nosso estado de espírito, mas sem nunca abandonar o trabalho estético.

Para o poeta o amor é um sentir, são sensações. Desse modo ele fecha o poema “Tudo que não sei sobre o amor”: “No amor? Não importa como ou quando, se for...você vai sentir,/ sentir quando acontecer...sentir de novo quando pensar...sentir/ outra vez quando escrever...// e no fim, quando não mais sentir, você ainda vai sentir por/ esquecer...”. Quanto ao amor, precisamos é viver, já que indagações não levam a nada.

Em “menina de olhos verdinhos”, os versos se constroem de um modo tão sutil e singelo que mais parece uma canção de ninar. Vejamos os 4 primeiros versos: “por você guardar/ um mar assim em teus olhinhos// de tão longe eu vim/ para ficar de você junto juntinho.”. Podemos notar a presença de uma rima interna: guardar/ mar, que por sinal é uma rima rica no caráter formal, um verbo rimando com um substantivo, mas pobre no caráter fonológico, visto que a seqüência da palavra rimada, após a tônica, não é similar. Outro ponto interessante é a questão do diminutivo –inho, presente no final dos versos 2 e 4. Essa rima estará contida em todo o poema, nessa mesma disposição apresentada nesses versos. Para comprovação, os últimos 4 versos: “fala depressa todo jasmim/ até ficar longe de mim pertinho// antes que uma dor qualquer/ faça cárie em meu carinho.”.

O prefácio do livro, assinado por Luci Collin, esclarece e sintetiza várias jogadas que o autor trava com o livro. Nas palavras de Collin, “este livro acaba sendo mesmo um interlúdio, um concerto para sonho solo, ou trio sonata para saudade, nuvens e baixo contínuo, ou até mesmo uma tocata para vermelhos vinho e flor. E sobre a leitura destas sonoridades? Fica-se espanto, fica-se surpresa, fica-se reticências – espaços suavemente regidos por claridades inefáveis, por nomes que a imensidão inaugurou feito semibreves. Nos cenários dos ventos, dos violinos e das valsas, a tristeza, deixada para trás, fica primavera e então os silêncios são para sempre pianos. E os enredos todos dão naquele filme tão conhecido que reverbera contínuo por dentro da gente – imagens que restauramos com o melhor pigmento.”.

O amor está acima do ser humano, no amor deve se amar de verdade e sempre: “amor ainda virá a se vingar de mim, por tudo quanto não amei. / apenas por tudo o que eu não amei, e o que eu não soube amar.”. O eu lírico deixa uma certeza, mesmo que fechemos os olhos para o amor, que o ignoremos, ele vem cutucar a ferida que, desmedidamente, abriu.

Os temas do cotidiano, explorados pelo poeta, nos deixam num jardim da contemporaneidade, são temas que circundam nosso estar no mundo, num exato e preciso momento. Em certas horas, os poemas gotejam, freneticamente, um turbilhão de sensações acumuladas que nos levam a um choque introspectivo, vão direto ao cerne de nossa intuição, dilatam as veias de nossa abstração e ao som de algo tão pulsante nos jogam num liquidificador de paradoxos de onde se filtra apenas o sumo do processado. Como resultado, retiramos incógnitas e, para estas não encontramos respostas imediatas, apenas pistas de lições que talvez devamos seguir. O poeta, acredito eu, prega intensamente o viver e transpassa essa idéia nitidamente. Que se ame, desconhecendo o que seja o amor; que se ame, que se viva. Buscar entender o amor é desperdiçar o tempo em que se poderia vivê-lo, sofrer intensamente é a condição de quem viveu intensamente, e quanto mais doer a perda, mais se terá a noção de que tudo foi intensamente grandioso. Viver vale a pena, se o amor não for besteira!

Referências Bibliográficas:

KOPROSKI, Fernando. Tudo que não sei sobre o amor. Curitiba:Travessa dos editores, 2003.

Entrevista dada pelo autor ao Jornal do Estado (23/11/03).

jeferson bandeira
Enviado por jeferson bandeira em 06/07/2008
Reeditado em 22/08/2011
Código do texto: T1067130
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