Mais de um, menos de dois...

Ser o que se é preciso

Ser a metade, ou ser o inteiro, não se sabe.

Tenho uma menina dentro de mim que não resiste a sacudir as folhas de uma árvore que pegou chuva para molhar quem anda ao meu lado.

Tenho a mulher que repreende os filhos.

Tenho a menina que chora de tristeza quando sente-se injustiçada.

Tenho a mulher que habita o imaginário masculino.

Gosto de batom vermelho por que lembra a cor do sangue que corre quente em minhas veias.

Gosto de andar descalça na grama, para sentir o arrepio da cócega nos pés.

Gosto das minhas mãos, pois é com elas que posso acariciar o rosto de quem amo.

Gosto de política, pois sei que ela é construtiva se praticada em sua essência.

Gosto de interpretrar personagens que sejam mais terríveis que eu própria.

Gosto de minhas unhas escuras porque contrastam com a brancura das minhas mãos... assim como as pessoas têm contrastes entre uma e outra.

Gosto de admirar e aprender com as crianças: elas são um universo a parte.

Gosto de ser espontânea a cada dia que passa.

Gosto de estar cada vez mais próxima dos trinta (não leve a mal, seis anos passam voando!).

Gosto de Saramago, e seu evangelho com sotaque lusitano.

Gosto de ser pagã, pois temos uma consciência maior sobre nós mesmos.

Gosto de tentar me sentir inteira, embora sempre pela metade.

Gosto do fato de não me importar com a distância de oceanos (posso aprender a nadar tão rápido quanto aprendi a ler...).

Gosto das "dores de cotovelo"... elas me avisam que estou viva.

Gosto quando alguém percebe que estou enamorada, mesmo que ainda não seja por ele (e os amores vão e vem...coitado daquele que deixou a oportunidade passar...perdeu a "orkidea" que não quis plantar...).

Gosto de pessoas teimosas.

Talvez agora, depois da rebatida, possamos fazer xixi e nanar.

Boa noite.

Caroline Garcia Cruz
Enviado por Caroline Garcia Cruz em 25/08/2008
Reeditado em 25/08/2008
Código do texto: T1145626
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