A FILOSOFIA, A ÉTICA E O ENSINO MÉDIO

A Filosofia, a Ética e o Ensino Médio.

O intuito desta comunicação é o de procurar mostrar a necessidade da universidade se colocar em posição de diálogo com os professores dos colégios e com os órgãos oficiais da região (núcleos de ensino, SEED) tendo em vista a temática do ensino da filosofia no Ensino Médio. Atualmente com a aprovação da lei 11.864 o ensino da filosofia tornou-se obrigatório nas três séries do ensino médio, conforme atesta entre tantos outros veículos de comunicação, o site de O Norte:

A partir desta terça feira, dia 03 de Junho de 2008, as disciplinas de filosofia e sociologia são obrigatórias no currículo escolar do Ensino Médio. O Diário Oficial da União traz publicada a Lei n. 11.864/08, que altera o artigo 36 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), 20 de dezembro de 1996 (www.onorte.com.br/noticiais)

É importante ressaltar que segundo dados do MEC faltam professores formados nesta área. Assim, a universidade tem pela frente o desafio de formar além dos bacharéis (aqueles que se dedicarão de sobremaneira a pesquisa) se atentar para com a formação dos licenciados para atender uma demanda da sociedade. E mais, ainda de fazer com que este professor licenciado seja um pesquisador, ao mesmo tempo, que concilia as descobertas de suas pesquisas com a transmissão das mesmas.

A provocação é a de como ensinar ética para a “garotada” do Ensino Médio sem banalizá-la? Não se quer aqui entrar no mérito desta discussão que está longe de ser encerrada, porém, devemos estar cientes que “é pelo trabalho que o homem garante a sua existência”, como disse o próprio Marx. Nesta perspectiva, tendo presente, que infelizmente em nosso país poucos são aqueles que podem viver somente da pesquisa, é natural a defesa de muitos pela profissionalização dos estudantes do curso de Filosofia. Afinal, o trabalho na educação dos jovens emprega a muitos e o filósofo antes de ser o que é, é um ser humano que precisa ter suas necessidades básicas satisfeitas. Sem dúvida esta já é, por sua vez, uma questão ética. Não se quer entrar aqui no mérito do ensino da filosofia no Ensino Médio, que depois de uma longa tradição na educação brasileira foi retirado no tempo do Regime Militar.

Vale ressaltar que esta tarefa (ser professor de filosofia no Ensino Médio) tem sido facilitada por meio da publicação dos livros da Secretaria de Estado e Educação do Paraná. É certo que carece de melhorias, que é uma proposta de trabalho e que esta em construção. Contudo, tem-se aí, fragmentos dos clássicos para serem analisados quando se aborda, por exemplo, a questão da “virtude em Aristóteles e Sêneca, ou a amizade, a questão da liberdade etc”. Certamente, a dificuldade em trabalhar este tema esta na preparação que se exige do professor para que ele de conta de contextualizar os escritos dos clássicos e fazer uma ligação com o momento presente para que os “alunos” entendam. Dar vida aos textos não tem sido e nem é uma tarefa fácil. Leva tempo até que o aluno consiga se apropriar dos conceitos filosóficos para que o processo ensino aprendizagem flua com mais naturalidade. De qualquer forma, o direito do aluno pela aquisição dos conhecimentos filosóficos produzidos ao longo da história, também é uma questão ética.

Para Favaretto, o professor antes de falar de ética deve ter uma postura ética, uma posição perante uma sociedade classista, ou seja, “precisa definir para si mesmo o lugar de onde pensa e fala” (FAVARETTO, 1995, p. 77). É uma questão de ética educar as pessoas para a inteligibilidade (1995, p.79). Neste horizonte, acrescenta Favaretto que a filosofia mais do que uma disciplina é um exercício intelectual (1995, p. 82). E ao parafrasear o filósofo Platão ele termina por afirmar que “somente quem reconhece que não sabe, pode se colocar em busca do saber”:

(...) espaço heterogêneo onde o aluno se defronta com o desconhecido, com o estranho dando vazão à insatisfação que é o fundamento do desejo de conhecer (FAVARETTO, 1995, p. 84).

E neste sentido, a filosofia tem muito a contribuir com a formação dos indivíduos para termos mais clareza da forma com que a sociedade está organizada e deste modo criarmos condições para transformá-la.

SolguaraSol
Enviado por SolguaraSol em 25/09/2008
Reeditado em 25/09/2008
Código do texto: T1196035