Cultura e Arte.

Apesar das várias abordagens em diversas linhas teóricas, num apanhado geral e diluído, podemos resumir Cultura como sendo os usos e costumes transmitidos por um grupo de indivíduos aos seus descendentes. Sim! Desde formas de amarrar o cadarço do tênis à maneiras de levitar através da meditação ou lidar com a física quântica; destruir ou construir coisas; ou simplesmente transmitir valores morais em histórias e lendas da comunidade.

Dizem que a cultura é a característica que diferencia o homem dos animais. Não é mais, pois já foi constatado que chipanzés também transmitem conhecimentos, como maneiras de utilizar ferramentas, para as gerações mais novas. Mas então nada mais nos diferencia dos Animais?

É aí que entra a Arte. Entendo (e não sou só eu) que Arte é a manifestação pessoal, subjetiva da Cultura. Ou seja, o artista transmite um elemento cultural (costumes, tradições, histórias, valores, etc.) conforme seu ponto de vista e de uma forma criativa. Mas para tanto ele deve refletir sobre qual elemento cultural a trabalhar e imprimir sua identidade e opinião nele. A Arte é, então, uma forma criativa e pessoal de se transmitir cultura.

Veja, existem várias formas de se dizer que a violência é errada, uma delas é apenas dizer: “A violência é errada”, mas também podemos cantar sobre isso, podemos criar gravuras, quadros, romances, poemas e várias outras peças de arte a respeito disso. Entretanto, por inúmeros fatores, a opinião dos artistas tem se tornado simplória (nada contra o minimalismo), mas tenho percebido uma completa ausência de esforço intelectual em várias vertentes artísticas. E para imprimir uma opinião em algo, você deve, no mínimo ter desenvolvido a sua própria.

Percebe-se, também, a falta de interesse do público na apreciação de eventos artísticos. Alguns alegam falta de dinheiro, outros de tempo. Mas existem eventos artísticos gratuitos nos mais diversos horários, entretanto é difícil chamar mais atenção do que um sofá confortável e uma novela de fácil digestão mental.

Talvez, essa falta de interesse da grande massa na Arte e na Cultura seja reflexo da falta de domínio de elementos culturais, como a língua pátria. Isso é um grande obstáculo na produção e apreciação artística, pois a compreensão da língua leva a um questionamento real e substancial do meio e não apenas ao “pseudo-questionamento” de qualquer coisa. A exposição de crianças e adultos à eventos de arte pode incitar as pessoas a pensarem diferente e se interessarem em reativar suas massas cinzentas adormecidas e, quem sabe, iniciar algum movimento criativo.

Mas são a Arte e a Cultura apenas objetos complexos, que demandam reflexões e filosofadas malucas? De forma alguma, mas mesmo nas manifestações artísticas puramente estéticas, o apreciador deve ter alguma noção de beleza, deve possuir opiniões, conceitos e uma bagagem mínima de conhecimento, o que só se consegue movimentando as engrenagens do “cucuruto”.

Enfim, todos sabem que transmitir valores é muito importante, fortalece a identidade nacional e nos faz sentir parte de um grupo, de um povo e a termos orgulho disso tudo. Mas o que temos feito para que isso efetivamente aconteça? Talvez a chave para acabar com essa grande ameaça seja utilizarmos melhor os artistas que temos. Através da arte, incluímos fatores lúdicos e criativos na cultura, o que deixa tudo mais colorido e interessante. E é aí que reside a importância e beleza da Arte. Não deixem o artista morrer.