SEM VOCÊ

SEM VOCÊ

Nós dois somos unânimes, não gostamos de gente que pega no pé e gostamos do nosso jeito!

Se você fosse diferente e meloso eu te detestaria, mas você não poderia ser só um pouquinho pegajoso?!

Talvez assim eu não ficasse tão ansiosa por um telefonema, um e-mail... um encontro então nem se fale!

Mas é mesmo a sua cara me deixar neurótica no palco a sua procura, enquanto você morre de rir na platéia, e eu, feito uma louca, te esconjuro, odeio e amo, sem um pingo de autocontrole ou disciplina nego todo meu treinamento e princípios e te caço ferozmente, e então te deixo apavorado sem saber do que mais eu sou capaz!

E assim você saiu de cena... Do livro da minha vida, do meu sonho de Cinderela quarentona, e eu caí na real, me recompus, alinhei o vestido e subi no salto novamente, dei um tempo na minha confusão sem saber se era carência, fetiche ou só tesão.

Te guardei na caixa dos projetos inacabados, mesmo sem etiqueta, já que eu nunca consegui mesmo te rotular... Mas deixei a porta entreaberta caso você decidisse voltar.

O tempo passou, a fila andou e conheci outras pessoas, cansei de homens baratos, com idéias tão pequenas e princípios tão errados, cheios de jargões e desejos insensatos, que não sabem conversar, não têm aquele olhar e querem só transar.

Gosto da minha companhia e às vezes esqueço disso... Sua falta me lembrou deste detalhe!

Ocupei meu tempo aprendendo a dirigir (Já tinha passado da hora!), cuidei dos meus meninos com mais criatividade, fiz até jardinagem! Toquei mais meu violão e quase saí por aí fazendo serenatas.

Mas então amei de novo... Um amor maduro, sem cobrança e muita entrega, sem compromissos e amanhecer acompanhada, só namoro e caminhar algumas vezes de mãos dadas... Mantive minha individualidade, curti a “química” e mantivemos nossas casas separadas, mas inevitavelmente eu revi os meus conceitos e discuti a relação, e mais uma separação!

Sem saudade, sem lágrimas, sem contato e nem amizade, nos separamos do modo melancólico!

Estou só comigo mesma e as lembranças, vira e mexe você volta no meu riso, algumas vezes posso te ver no espelho pelo brilho do meu olhar, sinto você tão perto no meu jeito de me relacionar.

Estamos longe e para você eu já passei, mas somos tão parecidos que é impossível não te lembrar... O mesmo jeito cínico de debochar, e a facilidade em gargalhar da gozação mesmo sozinha.

Mesmo sem estar perto você ainda está em mim... Mesmo sem rótulo ou etiqueta, ainda te amo e te detesto, e rio a beça das suas loucuras e das minhas neuras, gosto de te lembrar e tentar corrigir em mim os erros que cometi com você, num jeito muito louco de não te perder de vez...

Eliane Juno

JUNO
Enviado por JUNO em 23/10/2008
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