Folha branca

A grama estava molhada do sol aceso que estava no céu. Talvez demais direto, explico: depois de uma grande chuva que nos refresque, vem um sol ardente tanto quanto nossa pele depois de ser tocada por ele. Creio que pra dar aquela impressão de relatividade. Para pensar “se não tivesse chovido antes, acho que eu nem pensaria que o sol está tão forte”.

Mas quente e acesa a grama estava. Ou era eu quem estava? A espera é algo que não nos deixa ter certeza se é o cenário que faz parte da nossa história, ou a gente é que faz parte do cenário na história.

Queria saber as horas, mas nenhum relógio de pulso me fazia companhia. Seria mais comum se alguma igreja badalasse, mas acabei por saber que eram três pelo barulho do ônibus que veio amarelo, feio e velho como sempre. Não.. digo, acredito que algum dia tenha sido novo, mas desde que o vejo é velho. Velho também era um gordo que me olhava de dentro do ônibus. Não via seus olhos olhando para mim pois estavam escondidos atrás de um pesado óculos grosso e amarelo, mas, para que estaria olhando se no campo de visão do velho gordo só havia grama e eu? Não, não me dou a estrelismos e não me acho tão figurativamente interessante, mas talvez ele tenha se perguntando, como eu me pergunto : O que estou fazendo aqui no meio dessa grama?

Ele olhava para mim, sim. Confirmaria quando o ônibus partiu, três passageiros mais leve, para o próximo ponto e o dito cujo virou o pescoço para trás dobrando algumas peles do pescoço.

Já é tarde e eu ainda espero. Caderno e caneta na mão. A folha branca, acesa para que alguma idéia na minha cabeça se transforme em formas desenhadas com a caneta azul. Formas que desenhariam palavras e juntas contariam alguma história, ou estória. Nunca sei a real diferença das duas. Vou embora, estou cansado de esperar alguma grande idéia chegar. E a folha está branca...