O homem do subterrâneo

O homem do subterrâneo não se trata do mito cavernoso de Platão ou da antítese do Zé Ninguém de Williams Reiche, ou ainda do Super-Homem do mestre Nietzsche. Não me refiro ao conceito abstrato das raças superiores, encontrada em Buckle, ou mesmo dos macacos arianos. O maior estudo de psicologia humana, a origem de todos os gênios até aqui estudados, encontra-se em notas do subsolo, um compêndio curto e groso do epilético Dostoievski. A esplêndida exposição da alma humana, a dissecação do espírito em todas as suas nuances e a discussão atual para todos os séculos encontram-se ali para quem tiver estômago para saborear sem se envenenar ou morrer de depressão. Um livro que inspirou as “náuseas” de Sartre, o delírio do Super-homem, o inseto de Kafka, as anedotas Machadianas; que causou espanto em Albert Camus e em Marcel Proust. Não há um literato hoje no mundo que não tenha se embriagado nessa inesgotável fonte - sim, esquecia-me de citar Freud, este talvez tenha sido quem mais aprendeu. Muito do que idealizou em seus tratados de psicologia foi percebido da obra magnífica e despretensiosa do grande engenheiro militar russo.

Evan do Carmo
Enviado por Evan do Carmo em 19/01/2009
Reeditado em 01/04/2009
Código do texto: T1393822